06/02/2015 - 14:29
Os drones ganharam fama como mais uma arma de guerra e agora estão sendo usados em um novo tipo de batalha. Prefeituras de algumas cidades do interior de São Paulo estão usando o equipamento, que é um veículo áreo não-tripulado, ou Vant, no combate à dengue.
Na cidade de Santos, litoral sul de São Paulo, um drone entra em ação quando os agentes não conseguem ter acesso aos imóveis. Então ele sobrevoa o local para identificar se há alguma área de risco, como caixas d´água abertas, poças ou qualquer outro acúmulo de água onde o mosquito possa procriar.
A estratégia foi iniciada no último dia 30 de janeiro e deve ficar em fase de teste até abril. Conforme os resultados nesse período será avaliada a contratação permanente do serviço.
Segundo o secretário de Saúde de Santos, Marcos Calvo, em uma semana, o equipamento detectou 10 imóveis com pontos de possíveis criadouros . “Em um dos imóveis, a laje tem uma viga invertida e isso acabou virando um reservatório de água limpa”, contou Marcos. No mesmo imóvel também foram registrados galões de tinta sem tampa, que também acumulam água e oferecem um ambiente ideal para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, o transmissor da doença.
Se o drone localizar criadouros em potencial, o proprietário será identificado e intimado, via correspondência ou Diário Oficial, para que realize a limpeza do local.
Marcos ressalta que por enquanto apenas imóveis sem moradores, abandonados, de pouco uso, comerciais e industriais como galpões nas áreas do centro velho e do porto estão sendo ‘fiscalizados’ pelos drones, para que não haja problema com o direito à privacidade de moradores. Porém, caso haja alguma região com um foco de dengue não identificado, ele pode ser usado em áreas residenciais.
Em 2013 a cidade de Santos chegou a registrar 9 mil casos de dengue. Entre o segundo semestre de 2014 até janeiro de 2015 foram 113 casos notificados, o que coloca a cidade em estado de alerta. Segundo o secretário, esse número representa cerca de 25% do que seria necessário para ser considerada uma situação de epidemia, que seria 100 casos por mil habitantes. Santos tem uma população de 433 mil pessoas. “Ano passado, como tivemos um verão seco e quente, os casos aumentaram muito a partir de maio, por isso este ano trabalhamos com medidas preventivas”, explicou Marcos.
Epidemia
Em Limeira, interior do estado, o drone chega em meio a uma situação de epidemia. Na cidade de 300 mil habitantes, foram registrados 481 casos só no mês de janeiro. Se somados os registros dos cinco primeiros dias de fevereiro, o número chega a 812. A Prefeitura de Limeira declarou na quinta-feira, 5, estado de emergência.
O drone em LImeira tem feito vistorias em qualquer tipo de imóvel, já que o proprietário pode não identificar acúmulo de água em uma calha, por exemplo. Segundo a prefeitura, Também foi considerado o fato de que 90% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão nas próprias residências.
O equipamento sobrevoou residências, comércios, condomínios e terrenos baldios. Por enquanto ele foi usado apenas nos dois mutirões de limpeza realizados neste ano, em conjunto com fiscalização de agentes sanitários, moradores dos bairros que ajudam na limpeza e conscientização e caminhões para recolher entulhos. Os mutirões estão previstos para ocorrer até o mês de agosto.