Uma semana depois de a esquerda radical ter chegado ao poder na Grécia com a promessa de acabar com a austeridade, um movimento semelhante ganhou força na Espanha. Mais de 100 mil pessoas se reuniram em Madri, no sábado 31, para apoiar o Podemos, partido que em menos de um ano tomou conta do cenário político do país. Hoje o Podemos é líder das pesquisas para as eleições gerais do fim do ano – em maio, já havia demonstrado sua maturidade precoce ao receber 1,2 milhão de votos e obter cinco assentos no Parlamento Europeu. “Não entramos na política por um papel simbólico”, diz o líder, Pablo Iglesias. “Estamos aqui para ganhar e formar um governo.”

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MODERNIZAÇÃO
Pablo Iglesias, líder do Podemos: o professor universitário de 36 anos
atraiu uma multidão de 100 mil para apoiá-lo

Na raiz da ascensão do Podemos está a crise econômica. O estouro da bolha imobiliária pós-2008 deflagrou uma média de 500 despejos por dia, corroeu a renda das famílias e triplicou a taxa de desemprego. Ainda que a economia tenha voltado a se recuperar, os seguidos escândalos de corrupção, que atingiram até a realeza, mantiveram a indignação aquecida. “Há uma crise das siglas tradicionais por causa da corrupção”, diz Manuel Alcántara, professor da Universidade de Salamanca. “Junto a ela, existe uma crise de representação, porque esses partidos não foram capazes de se renovar.”

Com deputados entre 32 e 36 anos, o Podemos é predominantemente jovem e sabe se comunicar com esse público. Simpatizantes da democracia participativa, seus líderes atraem militantes com pequenas assembleias chamadas de “círculos” e consultas online. “A Espanha tem ampla penetração de internet e o Podemos nasce do empobrecimento dessa sociedade com grande capacidade de comunicação e reação”, diz Belén Barreiro, diretora da Fundação Alternativas, de Madri. A linguagem moderna também serve como meio de arrecadação. Por financiamento coletivo, os militantes arrecadaram 13 mil euros para a passeata de 31 de janeiro. Não é muito, mas foi o suficiente para fazer barulho.

Foto: TOM GANDOLFINI/AFP Photo 

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