Olhando-se dos dias de hoje torna-se tola a rivalidade que a crítica teatral estabelecera entre Maria Della Costa, a atriz gaúcha que viera da roça, e Cacilda Becker, legítima representante da elite paulista. A crítica, o público, o Brasil e o mundo dividiam-se naquele pós-guerra entre “engajados” e “alienados”. No Rio de Janeiro, Maria Della Costa tentava fazer o Brasil pensar com seu Teatro Popular de Arte, fundado em 1948. Seis anos depois, o grupo instalou-se em São Paulo e rivalizou por duas décadas com o Teatro Brasileiro de Comédia liderado por Cacilda. Quem fazia o melhor teatro era a “politizada” Maria Della Costa ou a “alienada” Cacilda Becker? A discussão hoje é sem sentido. Ambas foram primeiras-damas do teatro brasileiro, embora o título oficial tenha sido dado a Cacilda. Com Maria, que morreu aos 89 anos, no sábado 24, de edema pulmonar, o teatro brasileiro tornou-se moderno na dramaturgia. E colocou em cena a coragem de lutar por um mundo democrático.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias