Com uma boa reconstituição de época, participações especiais de Sonia Braga e Walmor Chagas e uma boa atuação de Otávio Müller no papel do político Lobo Antunes, o terceiro longa-metragem de André Klotzel de início teria estes créditos a seu favor. Só de início, porque na adaptação do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, o diretor de A marvada carne caiu na armadilha de pensar que os geniais efeitos literários imaginados pelo escritor pudessem ter o mesmo rendimento nas telas. Não têm. A história delirante de Brás Cubas não cabe nos moldes de um cineasta convencional – a característica não é um defeito – como Klotzel, que terminou por quase fazer um teatro filmado. À exceção de algumas cenas muito bem resolvidas, como um caminhar noturno do personagem, a falação de Reginaldo Faria na função de defunto passando a vida a limpo só aborrece. Para completar, Klotzel não conseguiu dar um ar de espontaneidade ao elenco de apoio. Todos parecem engessados em seus trajes e não dialogam, só recitam – e mal – as falas. (Apoenan Rodrigues)
Vá se tiver tempo