Cientistas franceses mostraram ao público na terça-feira 6 os restos do que pode ser o ancestral mais antigo do homem, que viveu no Quênia, na África, há seis milhões de anos, e pode ser o elo perdido entre o homem e os chimpanzés. Apelidado de Ancestral do Milênio, ele pode destronar Lucy, fóssil de um Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 1974 e até hoje considerado a avó da espécie humana. Não é à toa que o renomado paleontólogo francês Yves Coppens, co-descobridor de Lucy, também esteve presente na exibição dos 12 ossos e dentes, no prestigiado College de France, em Paris.

Mais importante que a apresentação da ossada foi o anúncio de que finalmente o estudo científico relatando a descoberta, feita no final de outubro do ano passado, será colocado à disposição de outros cientistas para ser contestado e, futuramente, comprovado de fato. A pesquisa dos paleontólogos Martin Pickford, Brigitte Senut e Dominique Gommery será publicada no final do mês na Les Comptes-rendus de l´Academie des Sciences, a publicação científica da Academia de Ciências da França. “Antes de ser publicado, qualquer achado não passa de um factóide”, diz Walter Neves, paleontólogo do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP.