A guerra pelo bilionário mercado mundial da aviação regional, travada entre a brasileira Embraer e a canadense Bombardier, extrapolou os ares e produziu graves estragos nos pastos e frigoríficos brasileiros. Os canadenses, sem ao menos obedecer à praxe de notificar a Organização Mundial de Comércio, proibiram a entrada de carne brasileira em seu país, colocando o nosso gado sob suspeita do mal da vaca louca perante o mundo, o que acarreta graves prejuízos aos cofres do País. O golpe ateou fogo a um estopim nacionalista há muito não presenciado. O próprio presidente da República surpreendeu ao não poupar ameaças ao Canadá em entrevista na tevê, quinta-feira à noite. Fernando Henrique Cardoso, que às vezes padece do mal do excesso de diplomacia, chegou a declarar que “guerra é guerra”.

Na sexta-feira, o The Globe and Mail, um dos principais jornais do Canadá, sediado em Toronto, publicou uma reportagem em que cientistas canadenses dizem que tudo se deve a motivos políticos. Em entrevista, Margareth Haydon, que faz parte do serviço de saúde local, afirmou que “não há diferença entre a carne daqui e a produzida lá. Com a disputa comercial dos aviões, trata-se mais de um ato político do que de uma medida de saúde do governo canadense”.