energia.jpg

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Reive Barros, disse nesta terça-feira, 20, que os impactos do apagão desta segunda-feira poderiam ter sido ainda maiores se não houvesse uma rápida atuação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo ele, no momento em que o ONS detectou uma queda na frequência do sistema determinou que as distribuidoras cortassem carga de energia. Esse corte foi feito de forma preventiva, por meio de um processo manual.

"O processo automático seria em um estágio um pouco maior. Eles atuaram preventivamente preocupados com o consumo na faixa de 88 mil megawatts médios, um recorde de consumo", afirmou. "Então, foi programada uma redução na faixa de 5% na carga para ter controle sobre o sistema", completou.
 
Segundo Barros, o corte de carga é feito para que as usinas não entrem em colapso. "Quando a capacidade de produção é inferior ao consumo, você tem problema de baixa de frequência, o que pode gerar colapso nas usinas", explicou. "Uma coisa é você desligar com controle, outra coisa é você perder o controle e perder todas as usinas. Nesse cenário, o desastre seria maior".
 
Barros reconheceu que o País vive um momento de queda nos reservatórios das hidrelétricas e elevado consumo, devido às altas temperaturas no verão. "Esses dois fatores fazem com que a alteração do sistema seja feita com mais cuidado", disse.
 
O diretor admitiu ainda que as linhas de transmissão estão operando no limite de capacidade devido à transferência de grandes blocos de energia de uma região para outra. "Temos que ter um cuidado muito grande nessa operação do sistema. Como não há uma reserva muito grande, isso tem que ser administrado a cada momento, principalmente à tarde, quando a temperatura aumenta e temos um excesso de utilização de sistemas de ar-condicionado".
 
Demanda recorde
 
As regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste registraram na segunda-feira, 19, um volume recorde de consumo de energia. Às 14h32, segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as regiões, tratadas como uma única área pelo órgão, chegaram a um pico de 51.596 megawatts (MW). O recorde anterior havia sido registrado uma semana atrás, com demanda de 51.295 MW no dia 13/01/2015. No Nordeste, o recorde de carga chegou a 12.166 MW às 15h34, sendo que o recorde anterior era de 11.999 MW, ocorrido em 14/01/2015.

O ONS informou que, a partir das 14h50, ocorreu a perda de geração de usinas, por conta da interrupção de geração da ordem de 2.600 MW. Essa interrupção ainda não foi detalhada pelo órgão gestor. A queda no abastecimento mexeu com a frequência elétrica, o que teria desestabilizado o sistema.