Foi-se o tempo em que o Dia dos Pais era um festival de meias, cuecas, pijamas e lenços brancos. O pai moderno entende de moda, adora aparelhos eletrônicos, curte charutos e cachimbos sofisticados, enfeites para o escritório e acessórios de cozinha. O presente não fica mais só a critério da mulher. Ele pede, aponta na vitrine, explicita o seu desejo. A única tradição mantida é a do cartão escrito pelo herdeiro, com a infalível frase: “Você é o melhor pai do mundo.” Fora o bem-vindo lugar comum infantil, o Dia dos Pais deve ser lembrado, de preferência, com uma caixa bem bonita e com algo que agrade o homenageado.

João Paulo Ribas, coordenador de moda da rede C&A, percebeu a mudança de atitude dos homens há mais de três anos. “Ninguém mais se contenta com um par de meias, uma camiseta, algo neutro e sem maior comprometimento”, diz. “Hoje em dia, moda também é assunto nas rodas masculinas. Os homens querem se vestir bem para seduzir as mulheres e se sentirem bonitos”, afirma. Estar bem-vestido é importante, mas eles também gostam de estar por dentro das últimas novidades em informática e eletrônica. Papai moderno curte um bom scanner (digitalizador de imagens), um palmtop (mini-computador) e, sem dúvida, uma câmera digital, que dispensa filmes e revelações.

Qualquer um desses “brinquedinhos” agradaria o publicitário Ivan Frug, 45 anos, no Dia dos Pais, domingo 12. Mas, nos últimos anos ele tem ganhado cuecas, compradas pela ex-mulher. “A Manoela, minha filha de 11 anos, não tem culpa. Não é ela quem compra. Mas já reclamei e agora não aceito mais”, afirma Ivan. Ele tem filhos adolescentes do primeiro casamento. Quando eram crianças, costumavam presenteá-lo com camisetas de surfe. “Os meninos adoram surfar e economizavam a mesada para o presente. Mas não era bem isso que eu queria, né?” Eles cresceram, a mesada também e Ivan ganhou no ano passado uma lanterna “fabulosa” de Pedro, 19 anos, e meia dúzia de copos de uísque de Gabriel, 18. “Adorei! Os dois acertaram na mosca. Quem sabe não ganho um scanner ou um binóculo bem transado este ano?”, suspira.

 

Criatividade – Se a mesada estiver curta, vale procurar presentes baratos e criativos. A cadeia de lojas Imaginarium (51 em todo o País) tem algumas opções interessantes e acessíveis. Uma delas é um porta-vinhos feito com um pedaço de madeira com um furo no centro que mantém a garrafa na horizontal. Ou tra dica é uma linha de canecas, porta-trecos, porta-retratos com a frase “Pai é quem cria”, campanha da loja para este ano.

Sofisticação – Para pais sofisticados, uma caneta Montblanc é satisfação garantida. A grife, que tem lojas e concessionárias espalhadas por todo o País, acaba de lançar a linha Bohéme, com caneta um pouco menor e mais bojuda. Igualmente chiques são os relógios Pequignet. A marca francesa, que acaba de chegar ao Brasil, é revendida pela loja Collection NC, de Fortaleza, Ceará, que aceita pedidos de todos os Estados. Se o papai for vaidoso, vale presentear com cosméticos, como o kit Pegoff, de Anna Pegova, com perfume, gel pós-barba e loção hidratante anti-rugas. Para os esportistas, a dica é um tênis diferente, como o que o estilista Marcelo Frommer desenvolveu para a Le Coq Sportif. Ou ainda uma jaqueta impermeável da Yachtsman.

Com tantas opções no mercado, é importante prestar atenção nos gostos, desejos e hobby do seu pai, mas sem ser muito óbvio. O paleontólogo do Museu Nacional Alexander Kellner, 39 anos, naturalizado brasileiro, carioca de coração, pai de Alexandre, 13 anos, e Guilherme, 12, tem gavetas cheias de figurinhas e desenhos de animais pré-históricos. “Quando eles eram menores, adoravam me desenhar ou descolar figuras de pterossauro, um réptil voador, só para citar um exemplo”, relembra Alexander. Depois melhorou. Apareceu uma camisa e, em seguida, uma gravata. O sonho dele como papai, no entanto, ainda não se realizou. “Adoraria ganhar um cachimbo. Para mim, é a forma mais prazerosa de fumar”, revela. Os pais célebres também podem sofrer reveses no tão esperado dia. O sambista Paulinho da Viola conta que costuma ganhar discos. “Às vezes, varia para um livro ou uma camisa”, despista. “Mas como de vez em quando fumo charuto, gostaria de ganhar uma caixa de Danneman, Churchill ou Mata Fina, as minhas marcas preferidas”, revela com um ar de “quem sabe este ano…”. Apesar de tantos apelos consumistas, porém, o que Paulinho não admitiria mesmo era ficar sem um gesto carinhoso de alguns de seus sete filhos. “Sempre recebo uma lembrancinha, um telefonema, um afago. Isso é bom demais!”

Colaboraram: Carla Gullo e Celina Côrtes