Não bastasse o velho martelinho de madeira ter sido substituído por uma notificação por e-mail, novilhas e obras de arte também estão em baixa no mercado. Pelo menos no pregão virtual. Nele, o ouro fica para quem oferece biquínis, saias, colares e outros objetos de desejo pra lá de ousados. Quando a atração é fatal, nem todo o salário do mês paga a alegria de levar um pedacinho do ídolo para casa, ainda mais quando o bibelô desperta a libido dos fãs. É o que torna beldades televisivas, astros da música pop e estrelas de revistas masculinas presenças constantes no pregão virtual. Até o dia 1º de julho, 70 objetos de Madonna foram arrematados por mais de US$ 160 mil (R$ 400 mil) em um megaleilão no site Sothebys.com, de Nova York. Entre halteres, fotos e luvas, a sensação foi um corpete usado por Madonna na turnê Who’s that girl?, de 1987. Seu valor: US$ 17 mil (R$ 42 mil).

No Brasil, até o colar Rosa dos Ventos, inseparável amuleto de Cristal, personagem vivido por Sandy na novela Estrela guia, entrou no mercado. Aliás, duas unidades do colar, confeccionadas pela designer carioca Tereza Xavier. “Emprestei três peças iguais e diversas outras jóias para a produção da Globo, mas cedi todas para leiloá-las em prol da Casa dos Artistas (instituição que dá assistência a profissionais recém-chegados ao Rio). Um dos colares ficou com Sandy e os outros dois foram vendidos”, conta Tereza. Feito em prata, banhado a ouro e com detalhes em cristal espelhado, cada colar foi arrematado no site Lokau por R$ 1.150. Nas lojas da designer, são cobrados R$ 2.700 pelo produto. “Não importa que não tenha alcançado o valor comercial.

O que interessa é ajudar a Casa dos Artistas”, considera Tereza. Sandy faz coro. “Não é por que a novela acabou que a gente vai deixar de iluminar o sorriso de quem precisa, não é mesmo?”, diz em depoimento exibido no site da novela. Promover leilões periódicos foi uma estratégia de marketing adotada pela revista masculina Playboy no início do ano para alavancar as visitas ao site. Objetos e roupas utilizadas nos ensaios de capa – antes abandonados no fundo do armário – já renderam cerca de R$ 6 mil à revista. A última foi uma saia de veludo marrom usada pela atriz Mônica Carvalho, intérprete de Socorrinho, a “bela da tarde” da novela Porto dos Milagres, da Rede Globo. Arrematada no site Mercado Livre por R$ 700, a saia deixou Jericoacoara, no Ceará, onde Mônica posou para as fotos, e está de mudança para Itabira, interior de Minas Gerais, onde reside o comprador anônimo. A morena não esconde o entusiasmo. “É uma honra saber que um fã pagou essa quantia para comprar uma saia apenas porque apareço com ela na revista”, diz Mônica.

Golpe de mestre – Recentemente, um dos leilões da Playboy causou tanta polêmica que publicitários elegeram o episódio uma das maiores jogadas de marketing da década. Contra a revista. Uma sandália e um biquíni usados por Luma de Oliveira na edição de maio foram arrematados por R$ 3 mil pelo empresário Oscar Maroni Filho, ninguém menos que o diretor da edição brasileira da Penthouse, concorrente da Playboy que acaba de ser lançada. Ao saber que o valor seria doado para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Búzios, Maroni dobrou a quantia e assinou o cheque de R$ 6 mil. Tamanha excentricidade lhe valeu o convite para receber o kit das mãos da própria Luma no Domingão do Faustão. “Até então, ninguém sabia minha verdadeira identidade. O trunfo foi divulgar minha revista ao vivo para 40 milhões de telespectadores”, delicia-se Maroni. Em julho, Maroni aproveitou para apresentar o arsenal erótico – protegido por uma redoma de vidro – em uma exposição agropecuária. “Aquela mulher é um patrimônio da masculinidade e seu biquíni pertence ao homem brasileiro. Em breve, será exposto no Museu da Sexualidade Humana, que devo inaugurar no ano que vem”, adianta o empresário. Luma, indignada com o desenrolar da história, não comenta o assunto. “Nem pensar. Dou entrevista sobre tudo, até sobre Tio Patinhas, mas não falo sobre isso”, afirma.

Enquanto Maroni usa o leilão para se promover, fetichistas inveterados continuam desembolsando altas somas para satisfazer sua paixão. Antônio Capo Neto, webdesigner em um escritório de advocacia de São Paulo, pagou R$ 270 por uma camiseta e um biquíni usados no ensaio fotográfico com as mallandrinhas – dançarinas do programa Festa do Mallandro (Gazeta). “Tive a sorte de receber justamente o biquíni lilás, usado pela Fabiana, minha preferida”, exulta. Antes de colocar o conjunto em uma moldura e pendurar na parede de casa, Antônio planeja vestir as peças em uma garota. “Quando estivermos sozinhos, eu imitarei o Sérgio Mallandro e a garota fingirá ser minha mallandrinha”, sonha. Sua musa, Fabiana Pieroccini, acha estranho alguém pagar tanto por um biquíni. “Jamais faria isso. Comprar uma peça íntima de um ídolo só para ficar admirando é muito esquisito”, diz. Mas não descarta a possibilidade de instituir uma sessão de leilões no site do grupo.