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No momento em que o carioca se vê travado pelas obras de recapacitação da área portuária (a fim de efetivar o projeto Porto Maravilha) e pelas obras da cidade olímpica de 2016 – quando não cansa de repetir que o trânsito do Rio finalmente superou o de São Paulo –, é mais do que nunca hora de refletir sobre as problemáticas urbanas da Cidade Maravilhosa. De 9/1 a 31/1, dez artistas ocupam cinco pontos da cidade em estado de ruína ou destruição recente.

O projeto “Permanências e Destruições”, com curadoria de João Paulo Quintela, tem seu ponto de partida na Praça XV, palco da maior transformação urbana do centro do Rio desde a reforma de Pereira Passos, há 100 anos. Ocuparam a praça nos dias 9, 10 e 11 os artistas Julio Parente e Pedro Varella, com a obra “Cota 10”, um mirante construído no meio da praça, possibilitando ao transeunte apreciar a vista da Baía de Guanabara, antes só possível de dentro de veículos em alta velocidade, do alto da Perimetral, destruída em 2014. Ocuparam também o espaço a dupla Priscilla Fiszman e Kammal João, realizando uma ação com tijolos. O somatório dos dois trabalhos próximos ao canteiro de obras da antiga Perimetral – o mirante e a construção de uma passarela efêmera com tijolos – remete à obra de outra artista, não presente no projeto: Waléria Américo e sua videoperformance “Acima do Nível do Mar” (2007).

Sempre com duração de dois a três dias, os trabalhos são instalados em locais que estão no limite entre o uso e o abandono, a apropriação e o esquecimento, segundo Quintela, que realiza seu primeiro projeto curatorial. A iniciativa tem o apoio do Oi Futuro, dentro do programa de Arte Pública da instituição. A programação de “Permanências e Destruições” inclui ainda ocupações no Hotel Balneário Sete de Setembro, em Santa Teresa; na Rua do Verde; na Estamparia Metalúrgica Victoria, em Benfica; e na piscina desativada do Edifício Raposo Lopes (foto).