De longe, parece um hotel de bom padrão. Por dentro, também. E, de fato, o Espaço Ser Feliz, inaugurado há duas semanas no Guarujá, no litoral de São Paulo, é um hotel. Mas para hóspedes muito especiais. Trata-se do primeiro hotel do País destinado a crianças e adultos com algum tipo de deficiência mental. Em suas instalações, encontra-se tudo o que os bons estabelecimentos do gênero oferecem. Há piscina, campo de futebol, sauna, quartos confortáveis e uma localização privilegiada, a apenas um quarteirão da praia do Tombo, uma das mais badaladas do balneário paulista. A diferença fica por conta da equipe de apoio. Entre os funcionários, estão pedagogos, psicólogos e professores de educação física.

Além de funcionar como hotel, o local servirá como internato e semi-internato. Neste caso, o deficiente passará o dia por lá e voltará para casa à noite. A idéia de criar uma instituição nesses moldes nasceu da experiência da pedagoga Libera Stela Cardoso, 51 anos, em cuidar do filho Fábio, 25 anos, que sofre de autismo. “Investi no espaço porque sei como é difícil cuidar de um filho com problemas mentais e é mais difícil ainda encontrar um lugar que sirva de apoio quando a família necessita”, conta Libera.

Com a ajuda da amiga e também pedagoga especialista em cuidados de excepcionais Maria das Graças Luna, Libera se empenhou em garantir que o espaço tivesse ambiente familiar. Além das duas pedagogas, trabalham lá seus filhos e maridos. Maristela, 19 anos, por exemplo, é filha de Libera e responsável pelas atividades de educação física. “Tenho 19 anos de experiência no ramo”, brinca Maristela, acostumada ao convívio com o irmão deficiente. É exatamente pela experiência de vida que Libera e Maria das Graças acreditam no sucesso da iniciativa. “Muita gente critica os internatos por achá-los uma forma de exclusão, mas aqui queremos trocar experiências e mostrar que mesmo com alguma deficiência as pessoas podem estar inclusas na sociedade”, explica Maria das Graças.

No Espaço, a rotina incluirá exercícios como caminhadas na praia, cuidados com a horta, pintura e outras atividades planejadas para estimular o aprendizado e a criatividade dos deficientes. Para a aposentada Eugênia Svecnik, 74 anos, o lugar tem tudo que ela procura para seu filho Franklin, 53 anos, vítima de síndrome de Dow. “É um lugar lindo, com trabalho sério e responsável”, comenta. Franklin se muda para lá depois do Carnaval. Os responsáveis não farão restrição a nenhum tipo de deficiência. Eles garantem que os cuidados serão diferenciados e todas as necessidades atendidas.
Por enquanto, o preço da diária ainda não foi estabelecido. Mas
o custo mensal do internato será de R$ 1.980 e o do semi-internato de R$ 800.