Todos aqueles que hasteiam bandeira em favor do cinema nacional devem ter ficado decepcionados com a exclusão de Eu tu eles da lista dos indicados ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Mas saíram com uma espécie de prêmio de consolação com a surpreendente indicação de Uma história de futebol, de Paulo Machline, que concorre na categoria melhor curta-metragem. A entrega do Oscar será no dia 25 de março. Depois da euforia em torno de O quatrilho, em 1996, O que é isso, companheiro?, em 1998, e Central do Brasil, em 1999 – três recentes longas-metragens brasileiros indicados ao Oscar –, Eu tu eles, de Andrucha Waddington, amarga o mesmo desgosto de Orfeu, de Cacá Diegues, que ficou de fora no ano passado. Como sempre, é motivo de orgulho estar pelo menos entre os cinco escolhidos. Mas a antecipada bolsa de apostas de Hollywood já dá como quase certa a vitória, na categoria, do deslumbrante O tigre e o dragão, do chinês de Taiwan Ang Lee, um verdadeiro trator, com dez indicações, incluindo a de melhor filme. Feito semelhante ao de Roberto Benigni e seu A vida é bela, que teve sete indicações e, na festa de 1999, esmagou o excelente Central do Brasil, de Walter Salles.

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Épico romano com doze indicações

As esperanças brasileiras de 2001 recaem, portanto, em cima de Uma história de futebol. Com 20 minutos de duração, o curta reconstitui um episódio da infância de Pelé em Bauru, narrado por Antonio Fagundes, que encarna Zuza, apelido de Aziz Adib Naufal, colega de Pelé. A inclusão foi uma das poucas surpresas num ano sem grandes novidades em que o blockbuster Gladiador liderava o favoritismo confirmado pelas 12 indicações. Na corrida dos prêmios nobres, a fita do inglês Ridley Scott concorre a melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Russell Crowe) e melhor ator coadjuvante (Joachin Phoenix). Uma das grandes dúvidas paira sobre Steven Soderbergh, que entra na disputa com dois filmes: Erin Brockovich – que já garantiu o Globo de Ouro a Julia Roberts – e Traffic, sobre a escalada da guerra das drogas. As duas fitas também brigam pelas principais estatuetas. Entre elas a de melhor ator coadjuvante para Benicio Del Toro. Uma indicação equivocada, segundo a crítica americana, já que ele é quem deveria figurar na batalha pelo Oscar de melhor ator, e não Michael Douglas.