Ao completar 49 anos de jornalismo, Sebastião Nery optou por uma comemoração no mínimo curiosa. Seu livro Grandes pecados da imprensa (Geração Editorial, 296 págs., R$ 25) coloca a mídia brasileira na berlinda ao tecer uma tese sobre a utilização incorreta dos meios de comunicação, que costumam mover campanhas para desmoralizar figuras díspares e distanciadas historicamente. Já na abertura, Nery lembra a notícia de sua prisão, em 1952, na qual ganhou a alcunha de “perigoso subversivo”. Segundo o autor, ele não passava de um estudante às voltas com seu primeiro emprego no jornal mineiro O Diário. Desde então, passou a dividir o jornalismo em 50% de verdade e 50% de fantasia. “Não existe imprensa isenta”, diz Nery.

Sob esta ótica, analisa as injustiças sofridas pelas personalidades “escolhidas” por parte da imprensa. No caso de Ruy Barbosa, conta que as más notícias sistemáticas sobre ele barraram a pretensão do baiano de tornar-se presidente da República. Ao lembrar Juscelino Kubitschek, fala da informação “plantada” espalhando a aura de milionário corrupto do ex-presidente. Referindo-se ao ex-governador Orestes Quércia, rememora o caudaloso noticiário que municiou as acusações de enriquecimento ilícito, desde seu mandato como prefeito de Campinas. E, finalmente, tenta redimir Alceni Guerra evocando o escândalo das bicicletas que derrubou o então ministro da Educação do governo Collor. Sebastião Nery promete para breve outro livro sobre o assunto: Grandes pecados da imprensa 2, focalizando os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, o ex-governador de Minas Gerais, Israel Pinheiro, e o ex-ministro dos Transportes do governo Médici, Mário Andreazza.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias