Prensa Três
DRUMMOND: representado por No meio do caminho em vez de poema melhor

Antologias são uma armadilha para quem as faz e para quem nelas é incluído. Depende de quem as seleciona. Sendo ele mesmo um poeta, o jornalista paraibano José Nêumanne Pinto, organizador do livro Os cem melhores poetas brasileiros do século (Geração Editorial, 324 págs., R$ 36) apelou para um critério puramente pessoal. Entraram lembranças da infância, passada em Campina Grande, as noitadas com a turma da praça da sua cidade, com quem descobriu Augusto dos Anjos, entre outros, e lições tiradas da antologia de Manuel Bandeira, que aqui teve incluído Porquinho-da-índia. Até com os nomes obrigatórios as escolhas foram subjetivas. Assim, de Carlos Drummond de Andrade selecionou No meio do caminho, em vez de versos mais importantes como Poema de sete faces. No caso de Mário Faustino, Balada entrou porque é lido pelo personagem Paulo (Jardel Filho) no filme Terra em transe, de Glauber Rocha, ou seja, mais um item do baú de lembranças. Para fornecer ao leitor um mínimo de orientação, o jornalista dividiu o livro em seis tópicos, Pré-modernismo; Modernismo; Geração de 45; Concretismo, Neoconcretismo, Práxis e Poema-processo; Contemporâneos; e Poetas populares. Nêumanne também fez questão de pinçar trabalhos de poetas bissextos, entre eles Machado de Assis (A Carolina) ou Ariano Suassuna (A Francisco Brennand), mas deixou de fora Pedro Nava e Ana Cristina César, para ficar nos óbvios.