Fotos: divulgação
LINDA, em momento de truque das trevas: infernizando a vida dos padres

Quando exibido em 1973, O exorcista não só causou arrepios diversos ao redor do mundo como, apressadamente, foi incluído na galeria de clássicos do terror. À época, muita gente revirava o estômago diante dos demoníacos vômitos verdes de Regan – a personagem de Linda Blair possuída pelo diabo – e mal conseguia dormir pensando que no porão ou no quarto ao lado qualquer barulho pudesse denunciar a presença de satã em casa, exatamente como aconteceu na confortável moradia que a pré-adolescente dividia com sua mãe, a atriz Chris MacNeil (Ellen Burstyn). Realmente, o filme dirigido por William Friedkin causou medo e controvérsia. Em seu lançamento, o pastor evangélico eletrônico Billy Graham fez uma associação imediata da fita com Lúcifer, enquanto a Igreja Católica capitalizava a fama em cima dos dois padres responsáveis pelo tal exorcismo. Mas, distante quase 30 anos da comoção, O exorcista (The exorcist – director’s cut, Estados Unidos, 1973) – que tem estréia nacional na sexta-feira 2 – em versão digitalizada, com 11 minutos a mais, ao invés de assustar está mais perto de uma peça de humor involuntário.

Atualmente, é difícil imaginar alguém com medo da história baseada no livro homônimo que vendeu 13 milhões de exemplares só nos Estados Unidos. Mesmo porque, depois de o terror-garrote dos melhores exemplos de John Carpenter ou da tortura psicológica de O iluminado, de Stanley Kubrick – este sim, um clássico para a eternidade –, é praticamente impossível ter reações aterrorizadoras em O exorcista. Até para as novas gerações, veneradoras do terror trash, o filme deve funcionar apenas como comédia-desespero. O que não deixa de ser uma vantagem para quem só quer curtir uma matinê despretensiosa. Afinal, é muito divertido ver Linda Blair, dublada por voz satânica, literalmente infernizando os padres incumbidos de desalojar o demônio de seu corpo.


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