O astrólogo João Batista Assuramaya, 72 anos, costuma definir-se como um catador dos diamantes da alma. “Cada horóscopo é um universo”, diz. Há quase meio século dedicando-se aos estudos dos astros, ele cultiva o gênero discreto, embora já tenha apresentado um programa na Rádio Nacional, nos anos 60. Também é autor de cinco livros e em um deles, A gênese do homem-Deus, expõe seu conceito da evolução humana. Pouco conhecido do grande público, o astrólogo vive desde o começo dos anos 80 no interior fluminense e costuma receber seus seguidores num retiro espiritual instalado a 1.300 metros de altitude, à beira de um lago, na serra dos Órgãos, a apenas 25 quilômetros da cidade de Lumiar.

De tempos em tempos, Assuramaya se afasta do retiro da serra dos Órgãos para prestar consultas astrológicas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em muitas dessas ocasiões, também dá cursos a platéias seletas, como a programada para a primeira semana de agosto em São Paulo, sobre a influência de Saturno e da Lua na vida das pessoas. “Estudei física para compreender o universo, matemática para compreender astronomia, astronomia para compreender astrologia e filosofia para embaralhar tudo”, resume o astrólogo. Autodidata, ele dispensa o título de guru. “Sou o paizão de plantão”, comenta. “Guru, na verdade, é a consciência desperta de cada um.”

Assuramaya também garante que não faz previsões. Ao elaborar um mapa astral, esclarece, apenas facilita a compreensão do momento em que a pessoa está vivendo. A dramaturga e escritora Maria Adelaide Amaral discorda. “Assuramaya é uma figura prodigiosa”, diz. “Ele é mais do que um astrólogo, é um vidente.” Em novembro de 1997, por indicação da atriz Mila Moreira, Maria Adelaide, que tem um interesse especial pela astrologia, procurou Assuramaya. Na ocasião, o astrólogo insistiu com a escritora para que ela procurasse logo seu médico, pois um nódulo que tinha no seio direito teria de ser retirado. Deu até a data da cirurgia. “Como foi Assuramaya quem primeiro diagnosticou, cheguei a levar a fita que ele gravou para o mastologista”, conta a escritora, referindo-se ao hábito do astrólogo de gravar suas orientações. Ao final da sessão, a fita cassete é entregue ao “cliente”, termo que o astrólogo usa com restrições.

Em seu último romance, O bruxo, Maria Adelaide cria um personagem astrólogo, inspirado em Assuramaya, que também está entre as personalidades para as quais a obra é dedicada. Embora atenda expoentes do PIB nacional, o astrólogo não deixa escapar nenhum comentário sobre seus discípulos. “Ele é, de fato, uma pessoa muito séria”, avaliza a paulistana Maria Alice Mendes Caldeira, que há quase um ano passou a organizar a agenda do astrólogo na cidade. Em sintonia com o sobrenome tradicional que ostenta sua promoter, a clientela de Assuramaya na cidade também leva a marca da exclusividade. As chances de o astrólogo preservar-se na discrição são cada vez mais escassas.