"Parem o trem! Parem o trem!” Aos berros em seu celular, o motorista Gary Hart, 36 anos, tentava avisar o serviço de emergência para deter um trem de alta velocidade que trafegava no vilarejo de Great Heck, perto de Selby, na região de North Yorkshire, Inglaterra. Eram 6h20 da manhã da quarta-feira 28. Não houve tempo. Menos de um minuto depois, o trem de passageiros transportando 100 pessoas a 200 km/h se chocou com uma Land Rover que caíra nos trilhos, arrastando-a por 250 metros, descarrilou e bateu violentamente num trem de carga que vinha em sentido contrário em outro leito da ferrovia. “Ouvi uma gritaria, as luzes se apagaram, houve um grande impacto e o trem virou. Foi horrível”, relatou um sobrevivente. Pelo menos 13 pessoas morreram e 70 ficaram feridas, várias com gravidade, no terceiro acidente ferroviário grave em 18 meses no Reino Unido.

As autoridades acreditam que a probabilidade de um acidente como este acontecer é de uma em um milhão. A Land Rover que trafegava rebocando outro veículo pela rodovia M62 derrapou e despencou de uma ponte sobre a via férrea. Não se sabe como os veículos caíram na ferrovia, porque os muros de proteção da ponte estavam intactos. Além disso, o veículo caiu pouco antes de o trem passar no local, ao mesmo tempo que um comboio de carga trafegava em sentido contrário. Por uma estranha coincidência, a locomotiva do trem de passageiros é a mesma que se acidentou há cinco meses em Hatfield, perto de Londres, matando quatro pessoas.

Desta vez, o acidente não teve nada a ver com falhas no sistema ferroviário — como o de Paddington, em Londres, que em outubro de 1999 deixou 31 mortos —, mas o fato de 50 pessoas terem morrido nos últimos meses aumentou as críticas ao mau estado de conservação das ferrovias britânicas, privatizadas nos anos 80.