Ao desembarcar no aeroporto internacional Luis Munõz Marín e entrar em uma das rodovias para o centro de Porto Rico, o turista acredita que o piloto errou o rumo. Parece Miami, com supermagazines como JC Penney ou Macy’s, McDonalds em várias esquinas, e filiais da rede de locadora de vídeos Blockbuster em cada quarteirão. É que os Estados Unidos da América fincaram a sua bandeira na pequena ilha de 3,6 milhões de habitantes, 186,5 km2 de extensão, estrategicamente localizada no centro do Caribe e cercada de fortes por todos os lados. A dominação americana começou em 1898, depois da guerra hispano-americana. A história oficial diz que os espanhóis cederam a ilha. Os opositores acreditam que houve uma invasão dos imperialistas. Seja como for, em 1917, os porto-riquenhos tornaram-se cidadãos americanos, e em 1952 a ilhota ganhou o status de Estado Livre Associado.

Aos poucos, porém, o estilo americano acaba cedendo lugar para a exuberante cultura porto-riquenha. E aí começa uma bela viagem pela conhecida ilha encantada – a inscrição Isla del Encanto, presente nas placas de todos os carros, confirma o apelido. Ao norte, as areias brancas são salgadas pelo oceano Atlântico e ao sul, pelo mar do Caribe. Praias para surfar, pescar, velejar, praticar esportes aquáticos estão espalhadas por toda a costa. Quem não curte sal e areia tem outras opções: quadras de tênis, campos de golfe, equitação, dezenas de spas e muitos cassinos. Hotéis de luxo, resorts ou pousadas a partir de US$ 50 a diária. E muita, muita salsa. Tanto que no dia 31 de julho começa o Congresso Internacional de Salsa. Palestras, música e dança vão reger o país inteiro durante uma semana. O bom humor dos salseiros invade os corações. Nem por isso, tudo vira de pernas para o ar.

O turismo, por exemplo, é sempre bem organizado. Seguir as dicas dos agentes da Companhia de Turismo de Puerto Rico, com quiosques e escritórios espalhados pela ilha, é mais seguro do que dar uma de curioso e sair vagando sem rumo. O roteiro oficial é quente, com dicas certeiras. Com o mapa turístico nas mãos, é possível conhecer os lugares mais interessantes da ilha. Desde o Parque de Cavernas do Rio Camuy até a floresta tropical El Yunque, com suas corredeiras e cachoeiras num terreno de 11.331 hectares.

O verdadeiro encanto, porém, é a cidadela de Viejo San Juan. A parte mais antiga da capital é quase um “cenário”. Ocupa sete quarteirões com casas de arquitetura colonial espanhola dos séculos XVI e XVII, restauradas com capricho e fincadas nas ruas forradas por pedras azuis. À noite, Viejo se transforma. Muitos bares para se dançar tecno e salsa, conversar, namorar, azarar. As ruas se entopem de carros, gente e animação até altas horas.

O povo é hospitaleiro, brincalhão. E politizado. Se fosse possível dividi-lo em três tipos, certamente seria como o fez o motorista de táxi José Garcia: alguns apóiam o Tio Sam. Outros acham que ele tem coisas boas e ruins. E há ainda os da oposição. “Estou entre os do meio”, afirma José. “Temos trabalho e otimismo no futuro. Por outro lado, os americanos nos tiram muita riqueza, se acham os melhores do mundo e nos tratam como subumanos”, explica. Mesmo assim, José, como muitos outros, não deixa a ilha nem mesmo para tentar uma universidade nos Estados Unidos, como acontece com outros compatriotas. O jornalista Pedro João Ortiz, do diário The San Juan Star, tem filhos que moram nos Estados Unidos, vai e volta mas, não quer ir embora de vez. “Temos tudo do bom e do melhor. Ter um tio rico não faz tão mal assim. Porto Rico prosperou com a chegada dos ianques”, sorri, matreiro, o “periodista”.

 

Imperdível

GASTRONOMIA LOCAL
Mistura das cozinhas espanhola, crioula e
indígena. Abuse de tudo o que leva banana como tostones e mofongo. Aposte nos restaurantes Amadeus (106 San Sebastián St. – Viejo San Juan ), OstraCosa (154 Cristo Street – Viejo San Juan) e Pamela’s (Santa Ana – Ocean Park, Isla Verde).

BEBIDA DA TERRA É O RUM
Peça pinãs coladas com run Baccardi ou DonQ

VÁ À NOITE NO EL SAN JUAN HOTEL&CASSINO
Tem boate tecno, saloon country, baile de salsa, shows, restaurante e um bom cassino (Av. Isla Verde, 6.063).

ALUGUE UM CARRO OU UM BUGRE
E rode todo o litoral (a partir de US$ 10 a hora)

APROVEITE AS FESTAS
Além de festival de jazz e salsa, o carnaval mais importante é no dia 6 de janeiro