O deputado Luiz Argôlo (SD-BA), acusado de integrar a rede de corrupção investigada no âmbito da Operação Lava Jato, vai encerrar seu mandato parlamentar sem nenhum tipo de punição. Manobra regimental operada por um colega de partido livrou Argôlo do processo de cassação. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) se reuniu hoje para a última sessão do ano e na pauta os deputados avaliaram recurso do parlamentar baiano contra o envio do processo de cassação a plenário. Em voto aberto, os parlamentares da CCJ teriam que decidir se o recurso apresentado por Argôlo deveria ser aceito ou se o processo de cassação seguiria para o plenário. Mas o deputado Wladmir Costa (SD-PA) pediu vista, poupando seus pares da difícil decisão de deixar o destino de Argôlo com o plenário. O único integrante da CCJ que criticou a manobra de Wladmir foi Sandro Alex (PPS-PR). “Nós tivemos hoje a extinção de um processo, pois esta é a última sessão da CCJ, eu considero uma vergonha para o parlamento”, acusou. A manifestação de Sandro Alex incendiou o plenário da CCJ. Correligionários de Argôlo o atacaram. O deputado Benjamim Maranhão (SD-PB) afirmou que o colega estava fazendo cena para a imprensa. Wladmir solicitou que o presidente da CCJ, deputado Vicente Cândido (PT-SP) retirasse da ata as palavras de Sandro Alex e ironizou o deputado do PPS. “Eu sugiro que o colega vá para um partido composto por deuses e anjos.” Na saída da sessão, ainda atordoado pelas críticas dos correligionários de Argôlo, Sandro Alex abordava seus colegas, questionando o motivo do silêncio perante a manobra. “Eu não poderia falar, relator tem interesse”, desculpou-se o deputado Marcos Rogério (PDT-RO). Vicente Cândido sinalizou que as mudanças nas regras que regem o Conselho de Ética da Câmara – em análise no colegiado – impedem o processo de ser reaberto na próxima legislatura. Na prática, se Argôlo voltar à Câmara, uma nova representação terá que ser apresentada ao conselho. O deputado não se reelegeu, mas é o primeiro suplente de uma coligação que pretende indicar a titular a uma secretaria no governo da Bahia. (Josie Jeronimo)