André Moura
Marina de Sabrit: “Para os queridos, bajulação. Para o resto, educação”

Todo mundo adora elogios, mas não suporta os puxa-sacos. As crescentes taxas de desemprego e solidão têm, entretanto, dificultado cada vez mais a distinção entre o comentário sincero e a bajulação por interesse. Atualmente, quem não for cordial e cativante corre o risco de perder o emprego dos seus sonhos para um concorrente com a mesma competência, mas com sorriso simpático. Para não ficar de fora desse jogo, os interessados na arte de puxar o saco ou na defesa contra a bajulação podem aprender alguns macetes com o primeiro grande tratado sobre o assunto. Há um mês no Brasil, o livro Você é o máximo – a história do puxa-saquismo (ed. Campus, R$ 35), do jornalista americano Richard Stengel, reúne uma série de informações e dicas sobre a bajulação, “o maior recurso de sedução da humanidade”, o qual, segundo o autor, é tão velho quanto o grande criador. “Deus é inseguro e criou Adão à sua própria imagem para poder contemplar a si mesmo como num espelho”, brada Stengel, nas primeiras páginas do livro.

Heresia? Talvez. Mas a teoria do autor sobre a origem da bajulação também contempla os céticos que nem sequer pensam na existência de um Deus criador, muito menos no fato de a humanidade ser fruto de mera insegurança divina. Stengel edita a versão eletrônica da revista americana Time e durante dois anos estudou os mecanismos de sedução que elevam alguns ao poder e restringem outros à condição de subalternos. “Nunca fui bom bajulador, mas observava pessoas que faziam isso com tanta destreza que resolvi estudar e aprender essa arte”, explicou Stengel, por telefone, a ISTOÉ. Ao associar essa frustração pessoal a um estudo sobre o comportamento dos macacos, realizado pela Universidade da Califórnia (Ucla), nos Estados Unidos, o autor conseguiu produzir, em 277 páginas, uma verdadeira lição sobre o puxa-saquismo, capaz de fazer qualquer mortal bajular seu chefe sem a menor culpa.