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Ao receber o relatório final elaborado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que por 31 meses fez um resgate histórico das violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff se emocionou ao falar sobre aqueles que ainda sofrem com a perda de parentes e amigos, agradeceu aos familiares daqueles que morreram, mas ao mesmo tempo disse que “a verdade não significa revanchismo, não deve ser motivo para ódio ou acerto de contas, a verdade liberta todos nós do que ficou por dizer”.

“O Brasil merecia a verdade. Que novas gerações mereciam a verdade e sobretudo, que mereciam a verdade aqueles que perderam familiares, parentes, amigos e companheiros e que continuam sofrendo…”, disse a presidente interrompendo a fala por conta da emoção para ser aplaudida pelos presentes, “…como se eles perdessem de novo, e sempre, a cada dia”.

Em seu discurso, Dilma afirmou que o relatório inicia uma nova etapa, e ressaltou que a apresentação feita de forma simultânea para o governo e sociedade representou “a autonomia” dos trabalhos da comissão.

“Essa é uma iniciativa do Estado brasileiro e não apenas um ato de governo, por isso seus trabalhos tem de ser considerados por todas entidades, mas também pela sociedade. Estou certa de que os trabalhos produzidos foram resultado de esforço para atingir os três objetivos mais importantes”, afirmou a presidente, para em seguida enumerar:  “a procura da verdade factual, o respeito à memória histórica e o estímulo, por isso, a reconciliação do País, consigo mesmo, por meio da informação e do conhecimento”.

Em nome do governo federal, a presidente agradeceu a todos que compartilharam suas histórias de dor e sofrimento com os integrantes da comissão nas investigações, “Em nome do estado brasileiro e do meu nome, presto caloroso agradecimento aos familiares dos mortos e desaparecidos… aqueles que com determinação, coragem e enorme generosidade aceitaram testemunhar e contar suas histórias e dos parentes que viveram histórias, de morte, de dor e por isso, de grandes perdas”.  

Dilma afirmou ainda que gerações como a dela sofreram “terríveis” consequências da ditadura, mas afirmou que os trabalhos eram necessários para que os mais jovens conhecessem o que aconteceu naquele período. “A maioria da população brasileira que nascida após o final do ultimo regime autoritário, não teve acesso integral a verdade histórica”, afirmou.

Ao final, ela adotou o tom apaziguador, afirmando que a comissão tinha o objetivo de resgatar o que aconteceu, “a verdade não significa revanchismo, não deve ser motivo para ódio ou acerto de contas, a verdade liberta todos nós do que ficou por dizer, por explicar, por saber, liberta daquilo que permaneceu oculto, de lugares que não sabemos onde foram depositados os corpos de muitas pessoas, mas faz com que agora tudo possa ser dito, explicado e sabido”.