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Registrar em diários e blogs a experiência de conviver com uma doença tem se mostrado tão eficaz que a medicina já encontrou um nome para esse desabafo individual: é a escrita terapêutica. Ela começa a ser incentivada por especialistas que lidam com vítimas de câncer, Aids e obesidade, entre outros males.
Os benefícios são muitos. Ao colocar no papel impressões e sentimentos, o paciente fica aliviado e tem mais clareza da situação. “Quando escreve, a pessoa precisa se fazer compreender”, explica o filólogo José Pereira da Silva, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Por isso, elabora melhor o que está vivendo. “O paciente recupera o sentido que a enfermidade tem na sua vida e deixa de vê-la como um castigo, por exemplo”, explica Eugênia Krutzen, da Universidade Federal da Paraíba. Ela desenvolve oficinas de escrita terapêutica em Natal.
A prática não precisa ser necessariamente no papel. Muitos estão usando os blogs, como a assessora de comunicação Ruth Rendeiro, 51 anos. Escrever no espaço virtual que criou a auxilia a suportar o tratamento de um câncer de mama e a morte do marido, de leucemia. “Quando soube que ele morreria em breve, fui escrever. Precisava desabafar”, lembra. Nesse caso, há mais compensações. Uma é o apoio dos leitores que enfrentam o mesmo problema. “Uma coisa é o médico dizer o que vai acontecer. Outra é uma pessoa que já passou por aquilo contar como se recuperou. Essa troca de experiências ajuda muito”, diz o oncologista Daniel Herchenhorn, do Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Além disso, a exposição na rede provoca uma autocobrança que pode ser boa. Foi o que aconteceu com a advogada Larissa Bertani, 30 anos. Ela só emagreceu depois de iniciar, em 2003, um diário virtual no qual contava detalhes de sua luta contra a balança. Ao todo, perdeu 44 quilos em cinco anos. “O blog ficou conhecido e isso me motivou. Queria mostrar que era capaz”, afirma.


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