Se dependesse do visual despojado e colorido, o quarteto paulista Falamansa passaria facilmente por um grupo de reggae. Mas o novo fenômeno pop nacional, com 900 mil discos vendidos, toca única e exclusivamente forró tradicional. Na mesma linha, outras bandas, como a também paulista Rastapé e a carioca Forroçacana, preferiram a sanfona aos teclados e a zabumba à bateria para marcar o ritmo arretado que fez a fama de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Inspirados nos ídolos do passado e sem se renderem à entronizada oxente music eletrônica de grupos como Magnificos e Mastruz com Leite, essa moçada informalmente organizou um movimento e o apelidou de forró universitário. Universitário porque é mania de determinada faixa de jovens ouvir e dançar o som nordestino de raiz — também conhecido como pé-de-serra —, surgido entre os estudantes da Universidade de São Paulo (USP). Há pelo menos oito anos, os alunos mais festeiros começaram a se reunir depois das aulas nas casas noturnas nordestinas, vizinhas à universidade, e, de meros dançarinos, passaram a DJs locais, resolvendo montar seus próprios trios e bandas.

Com um circuito de shows funcionando a todo o vapor e um público cativo rompendo as fronteiras dos salões, os novos frequentadores das paradas pegaram de surpresa as grandes gravadoras, que agora correm atrás da novidade. Nos próximos meses, todas as multinacionais do disco colocarão no mercado seus eleitos com nomes sugestivos como Guenta-aê, Circuladô, Bicho de Pé, Baião de Quatro, Peixe Elétrico ou Banda Caiana. Cada um deles sonha em se equiparar ao Falamansa, formado há três anos, primeira estrela do movimento cuja base é no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, onde estão localizadas cinco casas destinadas ao ritmo. O CD de estréia do grupo, Deixa entrar…, lançado em maio do ano passado, aos poucos conquistou o gosto popular e hoje é o segundo mais vendido no Rio de Janeiro e em São Paulo, puxado pelos sucessos Xote dos milagres e Rindo à toa, que já virou trilha sonora de comercial.