Nunca é redundante lembrar que o progresso tem preço. Pesquisadores canadenses anunciaram na semana passada que o teflon, substância química conhecida como fluorpolímero, polui a atmosfera. Por ser antiaderente e ter resistência excepcional ao calor, ele é o revestimento preferido de uma série de produtos, de panelas a seringas e até fios de meia. O consumidor, a princípio, não corre perigo. O problema é o superaquecimento que o teflon sofre em fornos industriais para poder ser utilizado em casa. Quando suas moléculas são quebradas, a temperaturas de 360° C a 500° C, liberam toxinas que aumentam a chuva ácida, atrapalham o crescimento de plantas e algas, destroem a camada de ozônio e agravam o aquecimento global. Um desses subprodutos é o gás CFC, banido da fabricação de ar-condicionados e geladeiras por reter o calor da Terra. O teflon está no mercado desde 1940 e a dona da marca, a Dupont, assegura que até hoje ele não ofereceu risco.

Outro perigo invisível da modernidade é o arsênio ou CCA, veneno contra insetos aplicado na preservação da madeira. A Environmental Protection Agency (EPA), agência americana de proteção ambiental, determinou que toda madeira tratada com CCA traga o rótulo: prejudicial à saúde. O desgaste da madeira faz com que ela transpire arsênio, que, segundo a EPA, pode provocar câncer de pele e de pulmão. A maior preocupação é com as crianças que brincam em playgrounds de madeira tratada com arsênio. Nos EUA são milhares. No Brasil, o arsênio é aproveitado em postes, cercas e ferrovias. Playgrounds podem utilizar o CCA ou não. É difícil quantificá-los porque, ao contrário do resto dos brinquedos, eles não são obrigados por lei a apresentar selo de qualidade. A única saída é consultar o fabricante. Quanto às panelas de teflon, mesmo que elas não ofereçam risco à saúde na hora de cozinhar, é bom saber que comprá-las ajuda a poluir o ambiente.