Com o mundo transformado numa caldeira por causa do efeito estufa, um carro que não suja a atmosfera começa a se transformar em objeto de desejo – ainda mais se ele tem 12 cilindros, vai de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos, alcança velocidade de 226 km/h e tem todo o conforto de um automóvel de luxo. Os primeiros 15 modelos 750 hL fabricados pela montadora alemã BMW com motor a hidrogênio líquido estão sendo testados dando a volta ao mundo e, mais do que isso, deixando os motoristas com água na boca.

Apresentada ao público em fevereiro deste ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos – um dos principais produtores de petróleo do mundo –, uma frota de dez 750 hL rodou a Europa e o Japão. No início do mês, os automóveis desembarcaram na Califórnia, um dos mercados mais promissores para automóveis não poluentes. O Estado americano é um dos mais avançados do mundo no que diz respeito às leis contra emissão de gases poluentes. A partir de 2003, 2% dos veículos vendidos em solo californiano terão que se adequar à política de emissão zero de poluentes. Nesse ponto, o hidrogênio líquido é um combustível imbatível. Além de usar apenas água e eletricidade (ou energia solar) para ser produzido, não deixa mais resíduos na atmosfera do que uma chaleira de água fervente. Para driblar a falta de postos de abastecimento, que precisam de robôs para manusear o hidrogênio líquido a 250o C negativos, o 750 hL também funciona a gasolina.

A BMW estima que veículos movidos a hidrogênio estarão disponíveis para o consumidor em menos de dez anos. O preço ainda não foi definido, mas não deve ser baixo – um BMW 750 convencional custa cerca de US$ 93 mil. Outras empresas, como a Ford, estão de olho no mercado de carros a hidrogênio líquido. As japonesas Honda e Toyota também apostam em carros híbridos, que podem ser movidos a gasolina e eletricidade. Montadoras como a Mercedes-Benz e a General Motors concentram esforços na célula combustível, tecnologia que transforma o hidrogênio em eletricidade para impulsionar um motor elétrico, processo que não castiga a atmosfera. No BMW 750 hL, esse avanço também está presente, mas só para substituir a bateria do automóvel e dar partida no carro. Isso permite um luxo a mais: o motorista pode deixar o ar-condicionado funcionando mesmo com o carro estacionado e o motor desligado.


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