Houve um tempo em que atores eram valorizados pelo talento para compor personagens. Hoje, em muitos casos, parece que a medida de suas virtudes são as escoriações adquiridas no set de filmagens. É o que acontece com o elenco de Parque dos dinossauros III (Jurassic park III, Estados Unidos, 2001) – em cartaz nacional –, desnecessária continuação da saga dos dinossauros, criada em 1993 por Steven Spielberg, que agora surge nos créditos como produtor-executivo, transferindo o abacaxi para o diretor Joe Johnston. Atores que já tiveram seus momentos de brilho, como Sam Neill (O piano) ou o ótimo William H. Macy (Fargo), passam o tempo todo se esfalfando em tombos e tropeções, tentando se livrar daqueles monstrengos digitalizados fungando em seus cangotes. A ação é realmente trepidante, mas totalmente vazia e sem sentido. Para completar, a coadjuvante Téa Leoni faz sua parte gritando sem parar. Todos merecem o sofrimento. Afinal, contribuíram para perpetuar uma aventura afogada na mesmice.

Pelo menos os efeitos especiais continuam bons sem, no entanto, causar perplexidade como no primeiro filme da série. Quanto à história… Numa ilha tropical deserta, dinos gerados numa experiência genética perseguem humanos intrometidos. Claro que o coadjuvante negro é um dos primeiros a ser triturado, crueldade mantida durante todo o filme, acrescida de algumas bobagens, a exemplo do celular que insiste em tocar dentro do estômago de um dos bichões. Como se não bastasse, o espectador ainda tem de tolerar um menino prodígio de 14 anos com pendores de Indiana Jones. De bom mesmo –pelo menos para quem torce para os vilões – é que os terríveis velociraptores estão mais inteligentes e determinados na sua fúria matadora. Mas é pouco.