Expoente da geração 80, Gonçalo Ivo despontou ao participar da já lendária exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, no Parque Lage, no Rio de Janeiro, que em 1984 representou um divisor de águas em relação à geração conceitual. Autodefinindo-se um “animal pictórico”, Ivo é, na verdade, um herdeiro direto da geração 50, tempo em que a arte brasileira era predominantemente abstrata, mas dividida entre duas forças: a lírica e a geométrica.

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Como a geração 50, Ivo também divide-se em dois. Vive entre duas cidades e trabalha em dois ateliês, em Paris e em Teresópolis, onde processa duas culturas, a brasileira e a europeia. Da cultura brasileira, Ivo guarda, por exemplo, o aprendizado com o pintor neoconcreto Aluísio Carvão, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A nova série de pinturas, exposta na Galerie Boulakia, em Paris, tem essa qualidade de vibração. “A abstração geométrica pode algumas vezes apresentar um aspecto industrial ou minimalista. Ao contrário, Ivo usa técnicas antigas, como a tempera de ovo, para atingir um resultado mais lírico e profundo”, afirma o galerista Fabien Boulakia.

Um geométrico lírico seria, portanto, outra boa definição para o autor dessas abstrações cromáticas que têm a música europeia e a paisagem brasileira como referências remotas. Dono de uma “miscigenação abstrata”, como define o crítico Paulo Venâncio Filho, Ivo explora a visualidade das partituras musicais, das redes de pesca ou da trama da estamparia oriental, imagens dissimuladas no subtexto de seu novo trabalho exposto em Paris. No Brasil, o artista é representado pela galeria Laura Marsiaj, no Rio, e pela Simões de Assis, em Curitiba. PA