Há anos se procura uma alternativa viável ao combustível fóssil, já que este não é apenas finito, mas também gera diversos gases causadores do efeito estufa e do aquecimento global. O desenvolvimento de carros híbridos, totalmente elétricos e, agora, movidos a hidrogênio parecia uma boa resposta ao problema. Mas uma possibilidade continuava em aberto. E se os próprios passageiros fossem responsáveis por impulsionar os veículos?

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TRONO
O esgoto produzido por cinco pessoas em um ano é capaz de
fazer o ônibus circular 300 km sem reabastecimento

Foi sob esse conceito que começou a rodar nesta semana um ônibus na Inglaterra movido inteiramente a gás produzido por excrementos humanos. Sim, cocô. Na prática, o motor do veículo funciona à base de biometano, um gás natural produzido a partir do tratamento do esgoto da cidade de Bristol, a cerca de 190 km de Londres.

A transformação de esgoto e alimentos não mais consumíveis em combustível se dá através de um processo chamado biodigestão anaeróbica. Nele, bactérias digerem os resíduos biológicos em um ambiente sem oxigênio, liberando um gás rico em metano, que é enriquecido com propano e tem suas impurezas filtradas, com um resultado de composição muito semelhante ao gás veicular natural, de origem mineral.

Um tanque do “ônibus do cocô”, como a própria empresa produtora do combustível, a GENecon, está chamando o veículo, é abastecido com gás produzido a partir de um volume de resíduos anuais de cinco pessoas, e consegue percorrer até 300 km. A expectativa é que o ônibus transporte cerca de dezmil passageiros por mês no trajeto entre o aeroporto de Bristol e a cidade histórica de Bath – um local conhecido, ironicamente, por seus banheiros púbicos construídos pelos romanos no século 1.

Foto: Divulgação