De barba de molho
O ministro José Serra está pensando seriamente em cair fora do páreo pelo Palácio do Planalto. Em conversas reservadas com políticos aliados, ele tem dito que até topa correr o risco na campanha eleitoral de pagar pelo apagão e o desgaste do governo. O que o atormenta é a crescente possibilidade de vir a ser rifado no próprio ninho tucano. Nas avaliações de Serra, o tripé em que se baseou a criação do PSDB pode deixá-lo na mão. Além de estar convencido de que o governador do Ceará, Tasso Jereissati, está de malas prontas para embarcar na candidatura Ciro Gomes, Serra desconfia da tucanada de Minas Gerais e São Paulo. Tudo o que não quer é ser “cristianizado” pelo partido e repetir o vexame de Ulysses Guimarães em 1989. Se não sentir segurança para decolar, Serra abrirá mão para o colega Paulo Renato, marinheiro de primeira eleição que topa qualquer parada e ainda agrada ao PFL.

Opção pragmática
Sempre muito confiante, Ciro Gomes anda surpreendendo importantes correligionários com uma avaliação inesperada: se Itamar Franco realmente decolar, vai ter que rever seus próprios planos de vôo. Pela primeira vez, ele está admitindo ser vice na chapa de Itamar, caso o governador de Minas Gerais consiga o apoio do PMDB e ultrapasse-o nas pesquisas de opinião pública. Se isso ocorrer, dificulta muito a possibilidade de o presidente Fernando Henrique conseguir colocar um candidato no segundo turno da eleição presidencial.

Divisão evangélica
Apesar de todo o assédio do governador Anthony Garotinho, o PL deve continuar apoiando Itamar Franco. Nem o forte braço evangélico do partido, liderado pelo deputado Bispo Rodrigues, da Igreja Universal do Reino de Deus, fechou com o governador do Rio de Janeiro. Essa resistência se deve ao peso no esquema de campanha de Garotinho do deputado Francisco Silva, desafeto pessoal de Rodrigues que integra a concorrente Assembléia de Deus.

Do racha nasce a luz
O vendaval que varre o Espírito Santo conseguiu quebrar até a monolítica turma que fatura com as benesses exclusivas para empresas com um pé em terras capixabas. Na marcha batida pelo comando absoluto do Estado, o deputado José Carlos Gratz – capo da jogatina e da Assembléia Legislativa – investiu também sobre as grandes empresas que se beneficiam das regalias fiscais do Fundap. Exagerou na dose, provocou uma guerra empresarial e perdeu boa parte do apoio que tinha na luta para sair impune das denúncias de envolvimento com o crime organizado.

Questão de números
Os alquimistas de Fernando Henrique no Palácio do Planalto estão debruçados sobre números preocupantes. Mesmo nos momentos mais complicados da reeleição, exibiam sempre uma tabela que lhes dava segurança: o Plano Real conseguia manter um ganho salarial médio de 27% em comparação com o que os assalariados recebiam em 1993. Acontece que a perda de 7% verificada desde 1999 não foi recuperada no primeiro trimestre de bonança deste ano e agora todas as projeções apontam para novas quedas que mágica nenhuma reverte antes das eleições presidenciais.

Rápidas

Depois de ouvir um relato do prefeito Luiz Paulo Lucas, de Vitória, sobre a situação no Espírito Santo, Fernando Henrique sentenciou: “Vamos ter que intervir no PSDB capixaba.”

O senador Carlos Wilson (PPS-PE) não gostou da patrulha do presidente do partido, Roberto Freire, nas conversas que teve com Lula. E deu o troco: “Ninguém censura seus encontros com FHC.”

A Universidade de Brasília e a Companhia Energética de Brasília estão em pé de guerra por causa de 10.165 kW. A UnB ultrapassou com essa diferença sua cota no racionamento e a CEB ameaça cortar a energia por três dias.

Um grupo de motoristas de Brasília resolveu se organizar para burlar a lei e colocar vidas em risco. Começou a distribuir pela internet uma lista com a localização exata dos novos radares que fotografam carros que ultrapassm os limites de velocidade ou sinais vermelhos.