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A presidente da Petrobras, Graça Foster, anunciou hoje (18) a criação da Diretoria de Governança, como parte das medidas para melhorar a gestão da companhia. O órgão é uma das 66 medidas listadas pela estatal, que tem dois ex-diretores entre os investigados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por diversos crimes financeiros. “Propusemos ao Conselho de Administração (Consad), da Petrobras, que criássemos uma diretoria de governança”, disse. Foster acrescentou que teve o apoio unânime do conselho. Na avaliação de Graça, essa é a mais importante das 66 medidas de adotadas.

A presidente da Petrobras disse que estuda medidas jurídicas para o ressarcimento de “recursos desviados, eventuais sobrepreços e para o ressarcimento dos danos à imagem da companhia”. Segundo as investigações da Polícia Federal indicam que recursos a título de propina foram pagos a diretores e políticos por empreiteiras, em troca de contratos com a petrolífera.

“Onde houver prejuízo vamos buscar [ressarcimento desses prejuizos], para que haja reforço no caixa da companhia”, frisou a executiva. “Temos sido bastante cobrados, para buscar receber de volta aquilo que pagamos além do normal, do previsto e do razoável”, frisou Graça Foster. Por causa das denúncias, a estatal não pode divulgar o balanço contábil, previsto para a última sexta-feira (14). Nesta segunda-feira, a empresa revelou os dados de produção.

Auditorias externas foram contratadas para investigar o impacto de eventuais ilícitos citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em depoimento na Justiça. A companhia informou que vai requerer o acesso às declarações. A companhia informou que contratou, por um ano, dois escritórios de advocacia independentes especializados em investigações: o TRW (Trench, Rossi e Watanabe Advogados), por R$ 6 milhões; e o Gibson, Dunn & Crutcher LLP, por U$ 5 milhões.

TCU elogia iniciativa
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, afirmou nesta segunda-feira, 17, que a Petrobras anunciou hoje a criação de um departamento de governança como forma de combater a corrupção. A estatal petrolífera passa por sua maior crise desde que, na sexta-feira, 14, foi desencadeada a sétima fase da Operação Lava Jato, batizada de Juízo Final, que prendeu o ex-diretor de Serviços da companhia Renato Duque e dirigentes de grandes empreiteiras brasileiras com obras na Petrobras.

"Esse exemplo (a criação de um departamento de governança) é significativo para nós. Para lutarmos contra a corrupção não tem caminho mais eficaz do que organizar o Estado, ter metas", afirmou Nardes, em entrevista coletiva antes da abertura do Seminário "Pacto pela Boa Governança: Um Retrato do Brasil", que contará com diversas autoridades.

O presidente do TCU comparou a situação de governança a "alguém que pensa na sua casa, na sua família". "De certa forma, tem uma pessoa que é importante no contexto, que é o pai, mas quem comanda mesmo é a mulher", comentou.

Nardes disse que o tribunal trabalhou em conjunto com a Polícia Federal com informações de auditorias que serviram para embasar a Operação Lava Jato.