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Entre os prisioneiros da Operação Juízo Final, sétima etapa da Lava Jato, está um personagem que já teve seu nome envolvido em outro escândalo da história recente do País que abalou o Judiciário: trata-se do advogado Carlos Alberto Costa Silva, que se apresentava como “auxiliar” das empreiteiras envolvidas com o pagamento de propinas no esquema de corrupção da Petrobrás, segundo a Polícia Federal. Costa Silva foi preso sexta feira, em São Paulo. Ele mantém relações próximas com o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, que também está preso.

Em 2003, Costa Silva protagonizou o caso Anaconda, rumorosa investigação integrada da Polícia Federal e da Procuradoria da República sobre suposto esquema de venda de sentenças judiciais, cujo alvo maior foi o então juiz federal em São Paulo João Carlos da Rocha Mattos, preso e expulso da magistratura.

Naquela ocasião, o advogado foi acusado de ser o titular de uma offshore em nome da qual estava o apartamento onde morava Rocha Mattos, na Rua Maranhão, bairro de Higienópolis. O imóvel teria sido adquirido pelo juiz com dinheiro de corrupção, o que lhe custou condenação de 6 anos e 6 meses de prisão. No âmbito da Lava Jato, a PF informou à Justiça Federal em Curitiba, base da operação, que Costa Silva recebeu a contadora Meire Bonfim Poza.

Apontada como importante testemunha que revelou os bastidores dos movimentos do doleiro Alberto Youssef, alvo da investigação, Meire Poza declarou que conheceu um certo “Edson” no escritório do advogado. E que esse homem, Edson, um dia, lhe fez ameaças ao telefone. “O episódio, bastante grave, ainda necessita ser mais profundamente investigado, especialmente buscando-se a identificação e oitiva do referido ‘Edson’, autor das ameaças, e a relação deste com Carlos Alberto Costa Silva”, assinalou o juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato.

A PF identificou relacionamento estreito entre Costa Silva e o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. Pessoa foi preso pela Operação Juízo Final na última sexta feira, 14. Ele nega a prática de ilícitos.

O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o empreiteiro, protestou contra a ordem de prisão. “Há mais de um mês o sr. Ricardo Pessoa já se colocou à disposição da Justiça. Acho estranho que se queira prender para ouvir, para tomar esclarecimentos.”

Toron já definiu sua estratégia. Primeiro, quer aguardar a audiência de Ricardo Pessoa e de outros dirigentes da UTC, também sob investigação. Depois, eventualmente vai ingressar com habeas corpus perante o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).

O criminalista Antônio Figueiredo Basto, que defende o advogado Costa Silva, avalia que não havia necessidade de prisão de seu cliente. Para Basto, o pedido de prisão “não tem fundamento, está amparado apenas no depoimento da contadora (Meire Poza)”.

Ele considera que Costa Silva foi “injustamente preso”. pagamentos de propina a integrantes de partidos políticos, entre eles PP, PMDB, PT e PSDB.