Helcio Nagamine
“Escritório assim é mordomia”, diz o executivo Manguino…

Quem comprou a idéia garante que fez uma economia de orçamento e de enxaquecas. Móveis, aparelhos de fax e telefone são alugados. Copeira e office-boy, contratados por hora. Seus, só o recado no correio de voz e o endereço na correspondência. Empresários e executivos estão abrindo mão de preocupações com folha de pagamento e condomínio e adotando escritórios virtuais. Eles podem ser comparados a suítes de hotéis de luxo. No lugar de cama e cobertor, oferece-se infra-estrutura para fechar negócios.

O conceito foi importado dos Estados Unidos e da Europa e se vem popularizando no Brasil. Em cidades como São Paulo e Rio, o serviço cresce 25% ao ano. A maior parte dos clientes são empresas em fase de implantação, profissionais liberais ou multinacionais. Quem opta por um escritório terceirizado não precisa esquentar com despesas de segurança ou manutenção predial nem contratar um exército de ajudantes. Na HQ Global Workplaces, em São Paulo, é possível obter uma sala em 24 horas. Com cerca de R$ 4,4 mil por mês, o cliente aluga um espaço proporcional a 100 m2 com recepção, duas linhas telefônicas, recebimento de recados e internet. Se passar um fax, paga R$ 0,40. Uma cópia xerox, R$ 0,18. Por R$ 20, tem uma secretária bilíngue por uma hora; por R$ 8, “aluga” um contínuo.

Helcio Nagamine
…Já Ana Paula trabalha na rua e aluga a sala por hora

“Ter um escritório assim é uma mordomia”, afirma Luiz César Manguino, diretor de uma empresa de telecomunicações americana com uma filial em São Paulo. “Se quero um café ou uma xerox é só pedir. O dono se vira”, diz Manguino. Para empresas em fase de implantação, essa “mordomia” pode representar uma economia de até 70% no orçamento. “É mais que um empurrão”, diz Marcos Benjamin, executivo de uma empresa de informática americana.

Em cidades como Rio, Belo Horizonte e Curitiba, um escritório virtual custa de R$ 2 mil até R$ 3,7 mil ao mês. Para trabalhos esporádicos, a Business Quality, no centro financeiro do Rio, oferece salas para treinamentos e reuniões por períodos que vão de uma hora a um dia inteiro (R$ 22,80 a R$ 225). Mais barato que diária de hotel.

Profissionais que passam mais tempo na rua com clientes do que em seus próprios gabinetes, adoram. A gerente comercial Ana Paula Ordoñez, 28 anos, trabalha para uma companhia de suporte em informática com 20 funcionários itinerantes. Paga R$ 160 por mês à Official Office, na Cidade Jardim, para ter fax, telefone e caixa postal. Ao usar uma sala, paga R$ 18. “Seria bobagem manter um escritório se não paro aqui”, diz.