Helcio Nagamine
Suely livrou-se dos armários e fez uma cama embutida …

É um quebra-cabeça. Com os imóveis cada vez menores e mais caros, fazer caber toda a mobília, eletrodomésticos, livros e roupas dentro de espaços milimetricamente calculados é uma proeza. Nos apartamentos mobiliados de 40m2 a 100m2 apresentados pelos corretores, o arranjo é perfeito como o das casinhas de boneca. Os espaços são sempre ocupados com móveis menores do que os usuais e o comprador tem a impressão de que todo o seu patrimônio vai se encaixar como uma luva. Essa inadequação fez surgir a fabricação de móveis para pequenos espaços e um serviço de decoração dedicado a fazer caber mais em menos.

O arquiteto Francisco Luciani, por exemplo, desenvolve projetos para ambientes minúsculos, como interiores de barcos e guichês de casas de câmbio. Recentemente, para decorar o showroom de um condomínio popular na Vila dos Remédios, na zona oeste de São Paulo, escolheu a mobília a olho em um catálogo da loja Tok & Stok. Na sala de 12m2, acomodou sofá de dois lugares, duas poltronas, mesa de jantar, cristaleira, mesa para telefone e estante. As poltronas, da grife Fernando Jaeger (R$ 299), têm 57cm de lado, em vez dos habituais 90cm. A estante, do badalado Philippe Stark (R$ 628), tem prateleiras em cascata, como os degraus de uma escada, para não atrapalhar a circulação. A mesa de canto com rodinhas pode ser usada como aparador no caso de uma reunião informal (R$ 200).

Ricardo Giraldez
… a sala de 12m2 ganhou móveis menores

Com a ajuda do arquiteto Maércio Santos, a funcionária da Caixa Econômica Suely dos Santos conseguiu ampliar a área útil do seu apartamento de 45m2 sem quebrar nada. Suely vivia tropeçando nas roupas e nos pares de sapatos. A cama ocupava quase todo o espaço e suas peças ficavam amontoadas atrás da porta. Ela livrou-se do guarda-roupa de duas portas e dos criados-mudos. Mandou fazer uma cama embutida, com um fundo falso para acomodar roupas. No lugar do cabideiro simples, cada um dos três guarda-roupas foi equipado com duas araras sobrepostas. Ela gastou R$ 7 mil com toda a reforma. “O espaço foi aproveitado e ela tem tudo organizado”, diz Maércio.

O empresário Vítor Bernardo recorreu à decoradora paulista Silvana Canovas quando trocou o seu apartamento de 300m2 por um flat. Os três quartos eram mal divididos, A primeira providência foi derrubar uma parede e unir dois dormitórios. Bernardo ganhou uma suíte-escritório: de um lado, a cama king-size; do outro, a poltrona de tevê, a escrivaninha e o computador. Como ainda faltava espaço, Silvana transformou o quarto de empregada num closet. A parede da sala tinha um vão de onde se podia ver o tanque da área de serviço. Ele foi preenchido por uma mini-adega e um armário de copos. “Achei ótimo porque aproveitei uma área inútil”, conta Bernardo. “Mesmo pequeno, meu apartamento ficou confortável.”