Carlos Magno
A banda Mambo que Sambo ataca de salsa, merengue e não deixa ninguém ficar parado

Na esteira do sucesso do documentário Buena Vista Social Club, que faz sucesso nos cinemas desde o início do ano, uma onda cubana invadiu as pistas de dança do Rio. A última moda na capital do samba é sair para dançar aos ritmos caribenhos da salsa e do mambo, melhor ainda se em companhia de muito rum e de um legítimo charuto cubano. A moda começou em plena Lapa, berço da boemia carioca. Lá os sobrados antigos lembram Havana e criam um certo clima caribenho. Parece uma confirmação da música Quero ir a Cuba, de Caetano Veloso, em que ele pedia: Cuba seja aqui.
Debruçado sobre os arcos da Lapa, o bar Semente lota toda sexta-feira ao som da banda Mambo que Sambo. O grupo ataca de merengues e salsas a noite inteira, entre composições próprias e clássicos do gênero. O público divide-se entre os habitués, que batem ponto toda semana, e quem ouviu falar e foi conferir pela primeira vez. Como as amigas Mila Schiavo, percussionista, a cantora Analu Guerra e a assessora de marketing Josi Salomão. As três se esbaldaram na pista de dança, só parando de vez em quando para recarregar as energias. “Não acredito que exista esse lugar no Rio! Estive em Cuba em janeiro e dancei muito. É um ritmo maravilhoso, tem tudo a ver com o Brasil”, disse Mila, entre um rodopio e outro.
As três disputavam, amigavelmente, o pé-de-valsa Rafael Caubit, estudante de Informática e professor de dança nas horas vagas. Para quem não se arrisca a pagar mico na pista, Rafael dá uma dica. “O segredo é sentir a música, fechar o olho e viajar no ritmo”, ensina ele.
Outra tremenda pé-de-valsa que faz bonito no Semente é a cantora Sandra Vermom, que trabalhava com a banda Rio Salsa. “O som caribenho faz sucesso porque ninguém mais aguenta pagode”, acredita. O Semente foi o primeiro a abrir suas portas para a salsa, há quatro anos, já com a Mambo que Sambo. “No início, eram só amigos e conhecidos. Depois começou a crescer, mas o filme foi um divisor de águas”, diz Walmir Andrade, cantor, compositor, trumpetista e arranjador do grupo, que tem quatro CDs e prepara o quinto
O sucesso da Lapa logo se espalhou. Hoje é possível dançar salsa quase todos os dias da semana. Sábado, tem no Kachangá, em Botafogo. Domingo, o Mambo que Sambo faz a festa no Casarão Hermê, em Santa Teresa. No mesmo dia, a boate Méli Mélo, na Lagoa, também faz sua noite latina, mas com DJ. Na terça-feira é a vez da Mr. Scotch, no centro, com a noite Pimienta Latina. Para terminar (ou começar tudo de novo), na quinta-feira é dia de cair na salsa na boate Mariuzinn, em Copacabana.