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A reunião de quarta-feira 12 da cúpula do PMDB com ministros palacianos no gabinete do vice Michel Temer teve um momento constrangedor. Durante a conversa, o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira, mostrou a Aloizio Mercadante (Casa Civil) imagens de um discurso do deputado estadual eleito Elmano de Freitas (PT), do Ceará, para os sem-terra que ocuparam sua fazenda no município de Corumbá de Goiás (GO). “Isso prova que a invasão foi política”, disse Eunício. Mercadante afirmou que não sabia.

Decisão judicial

A fazenda foi invadida no dia 31 de agosto, em plena campanha de Eunício para o governo do Ceará, perdida no segundo turno para Camilo Santana (PT). “Eles queriam que eu manchasse minhas mãos de sangue”, diz o senador. Uma ordem judicial emitida no dia da invasão determina a saída dos sem-terra, mas até a quarta-feira 12 não havia sido cumprida.

Sem sequelas

A senadora Ana Amélia (PP-RS) nega ter recusado um aperto de mão do governador Tarso Genro no Congresso, conforme publicado nesta coluna. A parlamentar disse que não faria isso nem com “o pior inimigo” e mandou uma foto em que ela e Genro se cumprimentam no plenário.

Com o nosso dinheiro

Parlamentares da oposição pressionam o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) a explicar na Câmara o artigo do estatuto da Petrobras que permite o uso de dinheiro da estatal no pagamento das indenizações impostas pelo TCU a 11 ex-diretores. O caso deve chegar ao STF.

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Conflito de interesses I

Durante uma reunião de caciques do PMDB na quarta-feira 12, o senador Romero Jucá (RR) questionou a permanência do vice Michel Temer na presidência do partido. Na opinião de Jucá, existe um conflito de interesses, pois Temer age como governo e não como peemedebista.

Conflito de interesses II

A reclamação de Romero Jucá foi feita na presença dos ministros Garibaldi Alves (Previdência), Edison Lobão (Minas e Energia) e Moreira Franco (Aviação Civil). Coube ao deputado Eliseu Padilha (RS) defender a posição de Temer. Padilha é candidato a um cargo na Esplanada.

O silêncio de Pagot

Durante a campanha, o ministro Gilberto Carvalho procurou o ex-diretor do DNIT Luiz Antonio Pagot. Estava preocupado com denúncias de corrupção que Pagot guardaria em seu baú de memórias. Pagot tranquilizou Carvalho ao dizer que não quer mais saber de confusão. Ele se dedica a projetos na área de navegação, um deles no Canal do Panamá.

Digital

O uso político das ­redes sociais na campanha eleitoral despertou o PT para a importância da internet. O partido tem agora um projeto para que o Ministério da Cultura dê prioridade a conteúdos digitais. A intenção é atrair artistas simpáticos aos petistas para interagir com internautas.

Escuta esta…

Fornecedora exclusiva de equipamentos de escuta telefônica para a Polícia Federal, a Digitro Tecnologia foi recentemente incluída no rol de empresas estratégicas do Ministério da Defesa. O privilégio dá acesso a generosas isenções tributárias. A mesma empresa foi condenada há poucos meses por sonegação, inscrita na dívida ativa com execução fiscal proposta em juízo, e estava até com os bens bloqueados no momento de concessão do ­benefício. Pelo visto a fabricante do Guardião, que já foi denunciada por lesão ao erário e por firmar contratos suspeitos, tem tratamento privilegiado no governo Dilma.

Tecnologia para poucos

A Força Aérea Brasileira comemorou há poucas semanas a esperada assinatura do contrato com a sueca Saab para a fabricação de 36 caças Gripen NG. A encomenda bilionária prevê transferência de tecnologia de aviônicos para a AEL Sistemas, empresa com sede em Porto Alegre onde trabalham familiares de oficiais da FAB. O controle é da ­israelense Elbit, dona de 75% da empresa.

Toma lá dá cá

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Deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), relator do Estatuto da Família 

ISTOÉ – Como são as cobranças pró e contra a definição de um conceito de família?
Fonseca –
Pela mobilização dos internautas, percebe-se que o tema interessa à sociedade. A maioria da população defende a família natural.

ISTOÉ – A proposta do deputado Anderson Ferreira (PR-PE) de conceituar a família como homem e mulher unidos por um casamento formal tensiona as discussões?
Fonseca –
O projeto foi proposto por quem acredita na família natural, mas o Parlamento é plural e é no debate que se constrói o melhor caminho.

ISTOÉ – As decisões da Justiça sobre união homoafetiva interferem no trabalho do Legislativo?
Fonseca –
Sim. A decisão do Judiciário trouxe mais confusão e insegurança jurídica.

Rápidas

* Daqui para a frente, o PSDB deve investir na construção de uma imagem mais diversificada para ficar com cara de povo e não ser caracterizado como um partido apenas das classes média e alta. Uma avaliação interna aponta que houve excesso de elegância nas últimas eleições.

* Nesse contexto, o grupo que defende ações de igualdade racial, chamado de Tucanafro, ganhou espaço na agenda do partido. Na campanha eleitoral, os petistas usaram contra o PSDB a descoberta de que a presidente do Tucanafro de Roraima não era negra e tinha cabelos claros.

* As empresas transportadoras de valores querem que o Congresso interfira nas disputas entre policiais civis e militares nas investigações de roubos a carros-fortes. No ano passado, cerca de R$ 200 milhões em espécie foram roubados e apenas R$ 12 bilhões recuperados.

*As informações sobre esses roubos ficam nas delegacias regionais das cidades onde ocorreram os crimes e isso impede o compartilhamento. Na quarta-feira 12, a CCJ da Câmara aprovou um projeto que coloca a Polícia Federal nas investigações sobre assaltos a carros-fortes.

Retrato falado

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PT e PSDB travam uma queda de braço na CPMI da Petrobras. Aliados do governo lutam para impedir a convocação dos atuais diretores da Petrobras, e de Sérgio Machado, ex-Transpetro. O PSDB quer evitar o comparecimento do empresário Leonardo Meirelles, dono do laboratório Labogen, que envolveu o ex-presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), já falecido, no escândalo da estatal. No fogo cruzado, o deputado Enio Bacci (PDT-RS) fez um desabafo.

Prato indigesto

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O deputado Celso Russomanno (PRB-SP) afirma desconhecer o envolvimento do sócio e amigo de infância Augusto Ribeiro de Mendonça com o doleiro Alberto Youssef. Citado em reportagem de ISTOÉ, o parlamentar disse que pedirá explicações a Mendonça e se dispôs a abrir o sigilo bancário. Mas manterá a sociedade no restaurante Bar do Alemão, que teve o alvará de funcionamento cancelado pelo governo do DF.

O dinheiro dos fundos

A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara pediu explicações ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sobre o destino de recursos dos fundos associados aos serviços de telecomunicações (Fust, Funttel, Fistel e Condecine). O ministro tem 20 dias para responder.

Fotos: Pedro França/Ag.Senado; Christian von Ameln/Folhapress
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo