Martine Grael, 23 anos, traz no DNA o talento e o gosto pela vela. Filha de Torben Grael, o velejador com mais medalhas olímpicas no mundo, cinco ao todo na classe Star (leia abaixo), é também sobrinha de Lars Grael, dono de duas medalhas olímpicas na classe Tornado. É ainda sobrinha-neta dos gêmeos Axel e Eric Schmidt, tricampões mundiais na classe Snipe nos anos 1960 e bisneta do mítico Preben Schmidt, um dinamarquês aficionado pela modalidade e que se mudou de Copenhague para Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, porque o clima tropical do Brasil permite velejar o ano todo. Para quem tem o mar como as três primeiras letras do nome, parece que a predestinação era irrevogável. E foi: este ano, Martine foi eleita, ao lado da proeira Kahena Kunze, a melhor velejadora do mundo pela Federação Internacional de Vela, prêmio recebido, recentemente, em Palma de Mallorca, na Espanha. “Eu velejo desde que estava na barriga da minha mãe, Andrea Soffiatti, também ex-competidora de vela”, diz Martine, que, com Kahena, conquistou o Campeonato Mundial, em setembro, na classe 49erFX, título inédito entre as brasileiras.

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DE BERÇO
Ela começou a velejar aos 4 anos na escolinha de vela da mãe

Foi na escolinha de vela da mãe, aliás, que a niteroiense Martine começou a desenvolver seu talento no esporte, aos 4 anos. Seus pais sempre moraram perto do clube Rio Sailling, em Niterói, frequentado pela família desde os anos 1920 e por europeus de países nórdicos, onde a vela é paixão, assim como é o futebol para os brasileiros. Uma das estrelas do clube era Margrete Schmidt, tia-avó de Martine e uma das melhores velejadoras do País nos anos 1950, morta precocemente em um acidente de avião. “Foi ela quem nos explicou os principais fundamentos da vela. Margrete competia entre os homens e vencia a maioria das provas”, diz o tio-avô Axel. “Agora, Martine traz novamente à tona nosso lado vencedor também entre as mulheres.”

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Martine e Kahena se preparam para conseguir a tão sonhada vaga olímpica para os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, cujas regatas serão realizadas na Baía de Guanabara, uma vantagem e tanto para ela, por ser uma espécie de quintal da família Schmidt Grael – às vezes, a jovem velejadora cruza a baía de Niterói a Botafogo, na zona sul do Rio, de stand up paddle para manter a condição física. Muito concentrada nos treinos, Martine optou por trancar a faculdade de engenharia ambiental, na Universidade Federal Fluminense (UFF), para se dedicar exclusivamente ao esporte. Não será a única Grael a disputar uma vaga olímpica. O irmão dela, Marco Grael, 25 anos, também está bem posicionado em dupla com Gabriel Borges, na classe 49er.

Foto: Juan Dias/ Ag. Istoé