Responda rápido: você está satisfeito com seu corpo? Se a resposta for um lamento, anime-se. Melhorar a aparência e recuperar a juventude está cada vez mais fácil. Para mulheres e para homens. As técnicas da cirurgia plástica se aprimoraram, reduzindo cicatrizes e o tempo necessário para o paciente voltar à ativa. Não é só isso. As possibilidades de intervenção na silhueta também se ampliaram, graças ao surgimento de planos que financiam tratamentos. Por causa disso, os brasileiros estão se rendendo à vaidade. E sem culpa. A lista de gente famosa que se beneficia do bisturi ganha cada vez mais nomes e inclui personalidades como Vera Fischer, Xuxa, Miguel Falabella e Gugu Liberato. Personagens mais simples e de classes sociais menos abastadas também se curvam aos anseios estéticos.

No Brasil, a busca de formas mais perfeitas por meio da intervenção cirúrgica cresce numa taxa de 30% ao ano. No ano passado, realizaram-se 300 mil operações do gênero. Delas, 60% tiveram razões estéticas e as demais foram reparadoras. Em 1994, quando nasceu o Plano Real, elas não chegavam a três mil. Se o crescimento continuar no ritmo verificado até agora, em 2000 terão ocorrido 390 mil intervenções para retoque de corpo e rosto. No mundo, essa performance só perde para a dos Estados Unidos, onde trabalham 5 mil cirurgiões plásticos e são feitas 500 mil operações estéticas anualmente. “O medo de envelhecer é muito comum entre americanos e brasileiros. Os europeus são mais frios e não ligam tanto para isso”, explica Luiz Carlos Garcia, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que reúne 3,5 mil especialistas.

Entre os dados da entidade, outra estatística chama a atenção: o interesse masculino pela beleza feita pelo bisturi. Em 1994, 95% dos pacientes eram mulheres. Hoje, os homens representam 30% da clientela. “Medicamentos como o Viagra tornaram o homem mais feliz. Para conquistar parceiras, eles querem ter aparência mais jovial. Além disso, as mulheres estão mais exigentes”, afirma Garcia. A maior presença masculina em clínicas e consultórios também se deve ao aspecto cada vez mais natural obtido pelas técnicas cirúrgicas. Hoje, há casos em que o ajuste é tão discreto que nem mesmo familiares conseguem identificar quando uma correção cirúrgica foi feita. Fica apenas a sensação de algo diferente. Exatamente o contrário do que ocorria há alguns anos. “Nos anos 60, a plástica era tão rara que as pessoas gostavam que ela realmente aparecesse. Atualmente, os pacientes preferem intervenções mais sutis”, afirma o cirurgião Bernardo Fróes, de São Paulo. E é essa sutileza no resultado que atrai tanto os homens. “Isso dá mais segurança a eles, que se preocupam mais com os pneuzinhos na barriga”, afirma o cirurgião Volnei Pitombo, do Rio.

Lipoaspiração – O refinamento das técnicas cirúrgicas é surpreendente. Talvez o melhor exemplo sejam os progressos nos procedimentos de lipoaspiração, método que retira gordura do corpo por meio de cânulas que sugam o tecido adiposo. Nas contas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, essa é a segunda intervenção mais solicitada no País (a campeã de pedidos é a redução de mamas). Entre os homens, então, o interesse por ela cresce de modo significativo. De acordo com o cirurgião carioca Farid Hakme, há cinco anos a ala masculina representava 5% dos lipoaspirados. Agora, responde por 30%. O médico carioca Wanderley Nogueira, 39 anos, é um dos que engordam essa estatística. Ele não hesitou em recorrer à técnica para se livrar de excessos que se acumulavam no abdome. “Quero chegar inteiraço aos 40. Por isso, aspirei três litros de gordura”, conta.

Juarez Cavalcanti
"Quero chegar inteiraço aos 40. Tirei 3 litros de gordura"
Vanderley Nogueira, médico,
fez lipoaspiração no abdome

A lipoaspiração é considerada uma revolução dentro da cirurgia plástica. “Hoje, seu grande avanço está no conceito. Antes, usávamos cânulas de até 8 mm. Agora, passamos a operar com tubos de 3 mm a 4 mm. Eles retiram pequenas quantidades de gordura de vários lugares, de maneira mais uniforme”, explica o cirurgião Volnei Pitombo. Existem três técnicas mais conhecidas no Brasil. A mais antiga é a lipo tradicional, na qual o médico “quebra” a gordura com as cânulas e ajuda das mãos. As novidades são a vibrolipoaspiração e a lipo ultra-sônica. A primeira emprega um equipamento parecido com uma caneta. O aparelho vibra de tal forma que as células de gordura são rompidas, facilitando sua aspiração. A lipo ultra-sônica utiliza ondas de ultra-som para queimar as células de gordura, que depois são sugadas por cânulas. Ambas, polêmicas. Por serem modalidades novas e necessitar de aparelhos, ainda são vistas com desconfiança por alguns profissionais. “No método tradicional, o médico tem mais controle do movimento para a retirada da gordura”, argumenta Cássio Villaça Neto, chefe do Departamento de Cirurgia da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Quem adota as novas técnicas rebate. “Os equipamentos estão sendo aperfeiçoados e ficando cada vez mais seguros. Elas são mais confortáveis para o médico porque exigem menos força durante a cirurgia”, explica o cirurgião Ewaldo Bolivar, de São Paulo. O também cirurgião Fábio Carramaschi, professor da Universidade de São Paulo, é quem faz a mediação da polêmica. “Independentemente da técnica, os resultados estão mais equilibrados e satisfatórios. Há um planejamento da cirurgia e cada paciente é pensado de uma forma. Isso é que faz a diferença”, afirma.

 

Dárcio de Jesus
"Comprei blusas que não precisam de sutiã. Hoje me sinto mais completa" Elaine Freitas, empresária.

Além dessas modalidades, é possível encontrar em consultórios ofertas de megalipo, que numa intervenção só retira grande quantidade de gordura (a partir de dez litros). Mas o método também é discutível. Os especialistas recomendam aspirar até 5% do peso corporal. “Tirar dez litros pode causar no paciente um desequilíbrio perigoso, afetando a circulação sanguínea. É melhor fazer a sucção aos poucos, em diversas vezes”, afirma o carioca Paulo Müller, que já foi assistente de Ivo Pitanguy, referência mundial quando se fala em plástica. Para concorrer com a lipo, há ainda a laserlipolisis (ou lipoplastia a laser). O combate à gordura, nesse caso, é feito com a inserção de uma agulha de fibra óptica na pele. Esse equipamento conduz os raios e rompe a célula da gordura, que é liberada. Se a quantidade de gordura for superior a 500 gramas, o excesso é aspirado. Se for menor, a substância é absorvida pelo organismo.

Outra boa novidade da lipoaspiração é o uso crescente das chamadas substâncias tumescentes, que reduzem a quantidade de hematomas no corpo do lipoaspirado. Para reduzir o sangramento, um dos maiores problemas da técnica, especialistas passaram a adotar a combinação de soro fisiológico, adrenalina e anestésicos para aplicação local. Esse preparo age no tecido gorduroso, onde há vasos pequenos. A adrenalina os contrai e prolonga o efeito da anestesia. “Volta-se ao trabalho em dois dias e pode-se fazer exercícios normais em 15 dias. Na lipo tradicional, com anestesia geral, a pessoa fica cheia de pontos roxos e sente mais dor. Ela precisa de até cinco dias para retomar a atividade profissional e de um mês para a ginástica”, esclarece o dermatologista Cássio Vilhaça Neto.

Nas clínicas, outro pedido frequente é o implante de próteses de silicone. É moda as mulheres desejarem aumentar os seios. A empresária Elaine Freitas, 24 anos, colocou um implante de 130 mililitros no busto há um ano. “A primeira coisa que fiz depois da cirurgia foi provar todos os meus biquínis. Depois, renovei o guarda-roupa e comprei blusas que não precisam de sutiã. Hoje, me sinto mais completa”, brinca. A bailarina Denise Godoy Perone, 33 anos, também se rendeu aos seios fartos. Ela festeja os 160 mililitros de silicone recém-implantados não apenas por ter ficado mais bonita. “A plástica fez bem para minha cabeça”, diz. Denise aproveitou a ocasião para fazer uma vibrolipoaspiração e diminuir 12 centímetros na cintura. “Estava perdendo trabalhos. Agora minha agenda anda lotada”, emenda. “Antigamente, só se reduzia o seio. Hoje, acontece o inverso e a procura é tão grande que chega a faltar prótese para essa aplicação”, comenta o cirurgião Luís Carlos Martins, presidente da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica Estética.

Alex Soletto
"Não tenho vergonha de dizer que fiz cirurgias"
Roseli Romero, empresária.

Panturrilha – Mas o implante de silicone não se restringe ao busto. Atualmente dá para aumentar o bumbum e até engrossar a batata da perna. Martins é autor de uma técnica para melhorar os contornos da “preferência nacional”. Ele garante que os resultados são bastante naturais. “Não dá para perceber, mesmo se os glúteos forem apalpados”, assegura. Na experiência do médico, as pacientes que procuram esse tratamento têm em média 37 anos de idade . Nessa fase, a flacidez chega ao bumbum e elas percebem que a malhação não é mais suficiente. “A recuperação dessa cirurgia é de 12 dias. Mas só depois de seis meses é que está 100%”, adverte. A cicatriz, pequena, fica na marca do biquíni. No caso da panturilha, a técnica também promete recuperação rápida. “Dá para jogar bola depois de 30 dias. É uma intervenção de fácil execução, com resultado muito natural”, assegura o cirurgião Wagner Fiorante, de São Paulo. As próteses, em média com 180 a 200 mililitros, são colocadas por meio de um corte de dois centímetros. Essa incisão é feita na região superior do joelho, na parte de trás. A cicatriz é pouco visível por ficar numa área em que as pessoas prestam pouca atenção. Essas intervenções, entretanto, dificilmente são assumidas pelas pessoas. É o que acontece com o publicitário A. S., de São Paulo, candidato à cirurgia de implante na batata da perna que pediu para ficar no anonimato, antes mesmo de contar sua história. Adepto da malhação, ele tentou dar um jeito nas pernas finas e se esforçou para ganhar massa muscular nas panturrilhas. Sem sucesso, decidiu ceder ao silicone. Espera resolver o complexo com a intervenção.

Um dos fenômenos que chamam a atenção na evolução da plástica é que as pessoas se sentem tão seguras para enfrentar o bisturi que é cada vez mais comum encontrar quem resolva dar uma ajeitada geral. A empresária Roseli Romero, 50 anos, tratou de tirar o excesso da barriga com uma lipo e aproveitou para eliminar as bolsas de gordura da pálpebra no mesmo dia. “Rejuvenesci e meus olhos azuis se realçaram. Todos me elogiam e não tenho vergonha de dizer que fiz as cirurgias”, comemora. “Inclusive já estou me preparando para fazer mais uma no abdome”, antecipa. Um bom exemplo desse esforço para ficar perfeita em um dia é a transformação surpreendente do corpo da apresentadora Carla Perez, 22 anos. Primeiro, ela afinou o nariz. Depois, partiu para a prótese de silicone nos seios. Há quem sustente, ainda, que Carla também teria se rendido aos encantos da lipoaspiração. Ela nega. Mas diz que faria a cirurgia sem problemas. A apresentadora gosta mesmo de um bisturi. Apesar do belo corpo que exibe hoje, ela planeja outras intervenções. “Depois de amamentar meus filhos, pretendo aumentar mais o peito”, informa.

Max G Pinto
"Depois da amamentação, quero aumentar mais meu peito" Carla Perez, apresentadora, que afinou o nariz, colocou prótese de silicone nos seios e nega que tenha feito lipo

Mesmo quem não tem tanto dinheiro quanto Carla Perez pode recorrer à cirurgia plástica. Hoje é possível fazer uma operação e pagar a perder de vista. A Master Health, que vende planos de plástica desde 1994, conta atualmente com 1,5 mil clientes. Por meio desse convênio, quatro mil cirurgias já foram realizadas. “Como enviamos às clínicas uma grande quantidade de pacientes, temos condições de oferecer preços mais em conta. Nosso público é formado por secretárias, auxiliares de escritório e empregadas. Gente que pode pagar uma lipo em 18 parcelas de R$ 189”, exemplifica Carlos Kesser, diretor-comercial da empresa. Além disso, ainda existe a chance de ganhar um nariz novo ou um bumbum mais redondinho com plano médico. A doméstica paranaense Fátima Tassi, 32 anos, comprou o plano da extinta Unicor (cuja carteira de clientes foi incorporada pela Samcil) e planeja a plástica para tirar o excesso de gordura e pele da barriga para o final do ano. “Sonho em entrar num maiô e numa camisola, que hoje está apertada. Vou conseguir”, garante. Depois da intervenção, Fátima quer fazer ainda uma lipo e levantar os seios.

 

Temor – A popularização da plástica é bem-vinda. Afinal, mais gente tem a chance de fazer as pazes com o espelho e melhorar a auto-estima. Mas a tendência também levanta temores. Um deles é o medo, por parte dos cirurgiões, de a especialidade começar a atrair médicos demais, nem sempre preparados para oferecer um bom atendimento. Para Ricardo Lemos, cirurgião e um dos diretores da clínica Kyron, em São Paulo, ser um cirurgião plástico hoje é sinônimo de ganhar dinheiro. “Os pacientes devem tomar cuidado. Eles são os únicos que podem se prejudicar”, alerta. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica sustenta que a população só deveria procurar os membros da entidade. O dermatologista Vilhaça Neto contesta: “Nada impede um dermatologista de fazer lifting, procedimento que estica a pele do rosto. Esse profissional é especialista em pele”, afirma. Para o rosto, de fato, muitos dermatologistas oferecem tratamento. São opções de peeling (descamações por meio do uso de ácidos) e preenchimento de sulcos, entre outras opções para recuperar o ar jovial da face (leia quadro). A cirurgiã Edith Horibe, professora de cirurgia plástica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conta com o apoio desses profissionais em sua clínica. É uma maneira de tratar o envelhecimento facial de forma multidisciplinar. Mas é ela quem executa as cirurgias. Especialista numa técnica chamada minilifting (indicada para dar uma esticadinha na pele do rosto e caracterizada por cortes menores feitos atrás e em torno da orelha), Edith tem orgulho do trabalho que faz. “Sigo pesquisas de ponta e estudos preliminares feitos na Unifesp”, revela. O acompanhamento de dermatologistas é sugerido porque nem todos os casos requerem o bisturi de imediato. “Pode-se fazer um peeling primeiro. Nem sempre dá para fazer logo uma cirurgia. Às vezes, é necessário cumprir etapas, para garantir o ar natural do tratamento. Um bom alfaiate não pode fazer um terno maravilhoso se o tecido não está adequado”, compara.

Nessa guerra entre especialistas, a legislação não oferece solução precisa. Quem tem diploma de medicina pode executar qualquer ato médico. Mas para tentar colocar ordem nesse mercado, a SBCP lançou um selo de qualificação entregue somente a membros da sociedade. Garcia sugere que o interessado em fazer plástica verifique se o médico tem o selo exibido no consultório. É possível também ligar para (11) 3826-1499 ou enviar um email para sbcp@sbcp.org para checar a filiação do profissional.

Kiko Cabral
"Agora posso ser mais exigente com namorados"
Ana Flávia Zucco, estudante, tirou pneuzinhos nos lados da barriga com uma lipoaspiração mesmo não sendo gorda

Exagero – Outro receio gerado com a moda da plástica é o de que a cirurgia possa vir a ser usada de forma exagerada. “Deve-se recorrer à cirurgia quando o paciente quer se livrar de algum incômodo físico. Não condeno adolescentes que façam lipo no culote, por exemplo. Não tem sentido sofrer com alterações desse tipo”, afirma Luiz Garcia. O profissional tem razão. Jovem ou velho, ninguém gosta de conviver com o que considera uma imperfeição. Em abril, a estudante paulista Ana Flávia Zucco, 20 anos, fez a sua lipo, no abdome. “Nunca fui gorda, nem complexada, mas aqueles pneuzinhos dos lados sempre me incomodaram. Fiz um bem enorme para o meu ego e agora posso ser mais exigente em relação a namorados”, brinca. Mas os próprios médicos admitem distorções nesse sonho de beleza comprada. “Tem gente que aparece com foto de artista e diz que quer ficar igual. Essas pessoas precisam de muita conversa. Plástica não é milagre”, conta o cirurgião Luis Carlos Martins. Alguns casos são considerados delírios. É o que aconteceu com a modelo carioca Rosane Braga. Decidida a ter o corpo da boneca Barbie, extraiu duas costelas. Quando falta bom senso ao paciente, cabe ao médico impedir esses abusos. “O objetivo da plástica é ajudar as pessoas a se sentirem confortáveis no seu corpo e a trilhar o caminho da idade sem maiores problemas”, define Volnei Pitombo. Mas sem neurose.

 

 

 

 

Corpo e alma

Ivo Pitanguy é sinônimo de cirurgião plástico. Atrás dele correm celebridades em busca da beleza. Mas Pitanguy está insatisfeito com a falta de atenção com o espírito.

ISTOÉ – Há exagero na plástica?
Pitanguy – Há uma preocupação excessiva com o aspecto físico em detrimento do cultural e espiritual. Parte da humanidade não tem ideais definidos e se volta para si mesma em um narcisismo quase patológico. Mas o desejo de sentir-se bem com a sua imagem é inerente ao ser humano.

ISTOÉ – Qual a verdadeira finalidade da cirurgia estética?
Pitanguy – Ajudar o indivíduo a encontrar o equilíbrio desejado entre a sua própria imagem e seu grupo social, independentemente de classe social. Algumas cirurgias não deveriam ser feitas quando o desejo é excessivo ou quando a procura estiver em um campo que não corresponda à realidade de nossas limitações. O diagnóstico não deve ser feito levando-se em conta apenas o aspecto físico. Uma avaliação psicológica criteriosa precisa fazer parte de cada indicação. Pacientes que seguem modismos podem ficar insatisfeitos depois que determinada moda tiver passado.

O que você mudaria no seu corpo?

Foto: Leandro Pimentel “Gostaria de mudar algumas coisas em mim, mas é um segredinho’’
Mariana Ximenez, atriz, 19 anos

 

“Nada. Teria de me sentir muito mal para fazer uma lipo’’
Marcelo Novaes, ator, 38 anos
Foto: André Durão

 

Foto: Divulgação / TV Cultura “Ter peito grande foi um sonho. Hoje curto como sou’’
Soninha, apresentadora, 32 anos

 

"Tenho vontade de botar silicone. Quem está fora de forma, deve fazer uma plástica"
Deborah Secco, atriz, 20 anos
Foto: André Durão

 

 

 

 

 

 

 

Para quem tem medo do bisturi
Max G. Pinto
Foto: André Durão
Alívio: Eliana não recorreu à cirurgia

Os avanços na cirurgia plástica às vezes nem sempre convencem aqueles que têm pavor de bisturi. Para eles, existem alternativas, como a Lipo Estabil, injeção que derrete gorduras localizadas e facilita a eliminação dos excessos pelo corpo. O produto contém uma substância sintetizada em laboratório feita a partir da bile, líquido segregado pelo fígado que ajuda a soltar as células de gordura. Essa substância já era empregada para derreter placas de gordura dentro das veias, em casos de embolia gordurosa. Foi a dermatologista brasileira Patrícia Rittes, membro da Academia Americana de Dermatologia, que decidiu avaliar sua aplicação em outras partes do corpo. Há três anos, ela começou a testá-la na barriga, culote, perna e onde mais houvesse gordura localizada. Patrícia garante que os resultados surpreenderam. “Nem todos têm coragem de arcar com as consequências de uma cirurgia, ou têm tempo suficiente para ficar em casa se recuperando”, pondera.

Há um ano o método vem ganhando adesão de médicos. O uso dessa injeção nas pálpebras, que Patrícia tem executado em seu consultório, em São Paulo, no entanto, causa polêmica. Para o dermatologista Valcimir Bedin, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, ainda há muito o que pesquisar. “A região dos olhos é muito delicada e cheia de vasos. É preciso cautela para o uso de substâncias como essa”, afirma. O médico ressalta, porém, que a Lipo Estabil é mais uma arma contra a gordura localizada.
Outro destaque é a combinação de técnicas. A dermatologista Malba Bertino, de São Paulo, apelidou o tratamento de três em um. “É rápido, não exige tempo de recuperação e dá uma renovada no astral das pessoas. Fazemos peeling, botox e preenchimento de sulcos e rugas todos de uma vez”, afirma. A empresária Eliana Cotta, 44 anos, fez o tratamento e no mesmo dia respirou aliviada por perceber que não precisará deitar na mesa de cirurgia. “Fico mais tranquila sabendo que existem outras saídas”, admite. Para corrigir sulcos em torno dos lábios, uma opção é o implante de ácido hiaulorônico. Apenas com anestesia tópica (pomada) e pequenas injeções, o procedimento faz desaparecer as rugas por até um ano. Existem também os preenchedores permanentes, como o Evolution, o Reviderme e o Artecol, que são aplicados da mesma forma, mas como não são absorvidos pelo organismo ficam definitivamente no local. Para a dermatologista paulista Luciana Conrado, os preenchedores definitivos devem ser usados com cautela. “O Artecol leva colágeno bovino, o que pode causar reações. É necessário que o paciente faça testes antes de aplicá-lo.” O Artecol é à base de polimetilmetacrilato, substância sintética que pode ser comparada ao acrílico.
Os preenchedores podem tornar real o sonho de ter uma boca como a da atriz Angelina Jolie. É o que assegura o cirurgião plástico Jamel Fares, do laboratório Q-Med, que comercializa o ácido hialurônico no Brasil sob o nome de Restylane. “Ele não provoca efeitos colaterais porque a substância não é de origem animal”, diz. O ácido hialurônico está sendo testado também para novas aplicações. Fares conta que até o final do ano o laboratório terá resultados clínicos para mais um produto: o macrolane. Essa substância poderá ser usada para aumentar o tamanho do seio. “Os estudos preliminares apontam que esse ácido pode durar de três a cinco anos antes de ser absorvido pelo organismo”, revela. Se tudo der certo, estará à disposição mais uma forma para incrementar o busto.

 

O lado nada estético
Alessandro Carvalho
Foto: André Durão
Drama: Monteiro acusa médico de deformar T.M.

A empresária T.M.P.S., 45 anos, de Minas Gerais, está deformada e deprimida. Em 1994, ela decidiu levantar o busto e fazer lipoaspiração no abdome. Mas as áreas operadas necrosaram. Por causa disso, teve de fazer quatro cirurgias reparadoras e necessita de mais duas. No início do mês, T.M. e o marido, Geraldo Monteiro, descobriram que a clínica do médico Sérgio Lisboa, que operou a paciente, não possui alvará para funcionar como centro de cirurgia plástica. O casal, então, denunciou o cirurgião no Conselho Regional de Medicina. “Ele cometeu mais de 40 infrações. Entramos também com ação de indenização na Justiça”, acusa Monteiro. Lisboa se defende: “A paciente escondeu a informação de que é fumante. O tabagismo é responsável pela necrose.” Monteiro contesta a versão, dizendo que o cirurgião sabia do hábito. Para o médico Luiz Carlos Garcia, presidente da SBCP, o caso reforça que é preciso ser rigoroso na avaliação de riscos. Em especial em quatro situações: cardíacos, diabéticos, fumantes e os que usam corticóides e aspirinas em altas dosagens. “A nicotina estreita os vasos e dificulta a irrigação sanguínea dos tecidos. Os corticóides podem alterar a cicatrização e a aspirina, aumentar o sangramento”, explica.