Quando se tornou presidente dos Estados Unidos, em janeiro de 2009, Barack Obama foi comparado a Nelson Mandela, o líder sul-africano que implodiu o apartheid. Quase seis anos depois, os americanos se referem a Obama como o “pato manco”, apelido dado a presidentes fracos, que não têm mais nada a acrescentar ao país. A imagem negativa foi reforçada nas eleições legislativas da terça-feira 4, quando o democrata Obama sofreu sua maior derrota. A oposição republicana conquistou, com margem surpreendente, a maioria do Senado e ampliou sua liderança na Câmara dos Representantes – será a Câmara mais republicana desde a Segunda Guerra Mundial. Nas eleições estaduais, também realizadas na semana passada, o Partido Republicano faturou governos tradicionalmente dominados pelos rivais, como Illinois, Maryland e Massachusetts. Nos dois anos que restam de mandato, Obama não só enfrentará um Congresso hostil como terá de afastar uma percepção generalizada: ele é uma das maiores decepções políticas da história dos Estados Unidos. “O povo americano enviou uma mensagem”, disse um abatido Obama após a divulgação dos resultados. “Eu ouvi vocês.”

abre.jpg
LONGA CAMINHADA
Obama em direção à Casa Branca: para os rivais,
o governo está sem rumo

Como o presidente foi do céu ao inferno em apenas seis anos? Para os eleitores americanos, Obama fracassou em diversas frentes. Na política externa, é considerado pelos conservadores um líder vacilante. No ano passado, disse que bombardearia a Síria depois que Bashar Assad usou armas químicas contra civis. Dias depois, recuou. Obama também demorou para autorizar ataques contra o Estado Islâmico, mesmo diante da certeza de que o grupo extremista decapitava opositores e até cidadãos americanos. Na agenda progressista, viu seu principal programa de governo, o Obamacare, que trata da reforma na saúde, naufragar por uma série de falhas administrativas (em 2013, o site do governo que vendia seguros de saúde foi invadido por hackers, que roubaram dados cadastrais de milhões de pessoas). Seu governo ainda seria questionado pelos fiascos na área econômica. Se o PIB americano avançou razoavelmente nos últimos dois anos, a renda das famílias permanece estagnada nos patamares pré-crise de 2008. Obama também falhou na costura política, vital para qualquer país. “O último Congresso foi o que menos legislou na história moderna dos Estados Unidos”, diz Allan Lichtman, professor da American University, de Washington.

OBAMA-02-IE-2346.jpg
MUDANÇA
O republicano Mitchell McConnell, novo lider do Senado:
"O País precisa ser consertado"

Agora, Obama enfrentará dificuldades ainda maiores em um Congresso republicano liderado pela velha raposa política Mitchell McConnell, que conquistou seu sexto mandato. “O país precisa ser consertado e eu vou lutar por isso”, disse McConnel. Entre suas bandeiras está o fim do programa Obamacare e reduções drásticas no orçamento, o que incluiria cortes em programas sociais. De seu lado, Obama terá o desafio de aprovar a reforma imigratória, que prevê a legalização para imigrantes há muitos anos no país, e o aumento do salário mínimo. A batalha será árdua e poderá, desde já, influenciar na disputa presidencial de 2016. Se depender do recado das urnas, os republicanos são os novos favoritos para a Casa Branca.

IEpag74Obama.jpg

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Fotos: Brooks Kraft/Corbis; Shannon Stapleton/REUTERS


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias