Gianne Carvalho/Ag. O Dia
Evasão: Richard Perez pode ser condenado a até 16 anos de prisão

Com um salário declarado à Polícia Federal brasileira de US$ 500 mil anuais, o americano Richard Perez, 47 anos, passou a última semana numa cela de 12 metros quadrados. Foi um dos mais ilustres hóspedes já recebidos pelo Ponto Zero, onde a Polícia do Rio de Janeiro trancafia pessoas com diploma universitário. Perez é vice-presidente da segunda maior empresa de telecomunicações dos Estados Unidos, a MCI/World Telecom, dona da Embratel. Foi preso na noite de 30 de agosto no Aeroporto Internacional Tom Jobim, ao tentar embarcar para Miami com US$ 80 mil em notas de US$ 100, sem declarar.

Ao ser preso, Perez argumentou que desconhecia a obrigatoriedade de declarar esse valor à alfândega, considerado pequeno perto do seu salário anual. Disse ainda, segundo agentes federais, que não quis deixar o dinheiro no Rio porque não confiava em uma garota de programa com a qual convivia no apartamento. Os porteiros e a proprietária do imóvel no Country Residence Service, um luxuoso apart-hotel em Ipanema, negaram que houvesse outra pessoa morando no apartamento ou com autorização para entrar lá. O advogado do executivo Márcio Barandier nega que Perez tenha feito qualquer menção à prostituta. Perez apresentou à polícia um extrato de uma conta sua no Bank of America com movimentação de US$ 611 mil.

Além dos US$ 80 mil, a PF encontrou na bagagem de mão de Perez três cheques do México somando 415 mil pesos (US$ 44.610). O executivo foi indiciado por tentativa de evasão de divisas e suposta lavagem de dinheiro, cujas penas somadas variam de quatro a 16 anos de cadeia. O primeiro pedido de habeas-corpus, feito por outros advogados, foi negado, assim como o de liberdade sob fiança. A direção da Embratel informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem motivo para se pronunciar porque Perez não possui nenhum cargo na empresa. Nos Estados Unidos, o gerente corporativo de comunicação internacional da MCI/World Telecom, Ricky Phillips, também tentou minimizar a importância do executivo. “O senhor Perez faz parte do estafe internacional da companhia, mas não é o responsável pelas operações da MCI no Brasil. Ele é um executivo de nível médio, ou seja, não está no topo da hierarquia”, afirmou Phillips.