CONF-01-IE-2345.jpg

O senador Aécio Neves comemorou um aspecto positivo na sua campanha para o Palácio do Planalto. Em muitas capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, as manifestações mobilizaram milhares de pessoas, o que não aconteceu nas eleições anteriores. A imagem das multidões fez Aécio lembrar-se do tempo que acompanhou seu avô Tancredo Neves nos gigantescos comícios das Diretas Já, em 1984. “Fui um espectador privilegiado daquele período”, diz o tucano.

Cooptação fatal I

O governo se aproveita da carência dos governadores eleitos para tentar evitar que o PSB faça oposição sistemática. Embora o partido tenha apoiado Aécio Neves no segundo turno, Dilma Rousseff enviou emissários para atrair Rodrigo Rollemberg, do DF, e Paulo Câmara, de Pernambuco. Ambos dependem do Planalto para alavancar suas administrações.

Cooptação fatal II 

Em Pernambuco, em sinal de boa vontade, a Caixa Econômica Federal cedeu um imóvel para Paulo Câmara alojar a equipe de transição. Reeleito na Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) apoiou Dilma desde o primeiro turno e agora ajuda na ponte entre o Planalto e os socialistas.

De pai para filho 

Com o filho Renan Calheiros Filho recém-eleito governador de Alagoas, o presidente do Senado quer aprovar a proposta que muda o indexador das dívidas dos Estados com a União. Os critérios atuais impedem que governadores peçam mais empréstimos para obras e investimentos.

Charge_2345_DIlma_balao.jpg

Oposição ativa

Ao contrário das três últimas eleições, a oposição terminou a disputa de 2014 unida. Entre os tuca­­­nos, a ideia é fazer nos próximos quatro anos uma política que denuncie todo e qualquer deslize do governo e que mostre claramente à sociedade a diferença entre a candidata Dilma e a presidenta.

Mineiro de verdade

Atingido pela Operação Lava Jato, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, deixará o cargo. No seu lugar, o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, quer emplacar o conterrâneo José Fernando Coura, que preside
o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Visita ao doleiro

Deputados do PSDB recolhem assinaturas para formar uma comissão externa com a missão de averiguar no Paraná o estado de saúde do doleiro Alberto Youssef. O juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, não gostou da interferência, mas deputados têm direito constitucional de visitar prisões. Na véspera do segundo turno, o doleiro foi parar na UTI.

Auditorias

Em audiência na CPI da Petrobras na quarta-feira 29, o diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, afirmou que, depois de assumir o cargo deixado por Paulo Roberto Costa, abriu auditorias para averiguar danos aos caixas da estatal. Ele entrou em abril de 2012 e nada descobriu até hoje.

BNDES, a bola da vez

Fortalecida pelas urnas, a oposição planeja começar a fustigar o governo pelo BNDES, o banco público que empresta dinheiro a empresas gigantes escolhidas pelo Palácio do Planalto. Existe uma decisão da Justiça Federal que obriga o banco a tirar o sigilo dos mais de R$ 50 bilhões liberados nos últimos anos, mas a instituição ainda recorre da sentença. Sem acesso às informações solicitadas, técnicos do PSDB preparam uma ofensiva judicial e vários requerimentos parlamentares em busca dos detalhes desses empréstimos. O assunto foi muito explorado pelos tucanos durante a campanha eleitoral deste ano.

Mais obras inacabadas

O TCU descobriu que, além do Canal do Sertão, outra obra bilionária do Nordeste consome dinheiro e permanece longe de ser concluída. A Adutora do Agreste, em Pernambuco – orçada em R$ 1,3 bilhão – deve ficar dois anos parada, mesmo depois de concluída. É que a chegada de água na adutora depende do Ramal do Agreste Pernambucano, obra que está praticamente paralisada.

Toma lá dá cá

CONF-02-IE-2345.jpg

Deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA)

ISTOÉ – O PMDB aceita dar ao PT a presidência da Câmara?
Lima –
O partido vai apresentar candidatura própria e nosso candidato será Eduardo Cunha (RJ).

ISTOÉ – Mas o vice-presidente, Michel Temer, não sugeriu o revezamento entre os dois partidos?
Lima –
Temer vai apoiar com toda garra uma candidatura do PMDB. Ele defende a unidade do partido e foi indicado para a chapa por seus colegas em uma convenção. Não é o Planalto que escolhe o presidente da Câmara.

ISTOÉ – O que o sr. pensa sobre um plebiscito para a reforma política?
Lima –
A presidenta já descartou a ideia devido à reação do Congresso. Podemos admitir um referendo e acolher parte do projeto de iniciativa popular que está em curso.

Rápidas

*Mais de um ano depois de fugir do regime de Evo Morales, o senador oposicionista Roger Molina será finalmente recebido pelo Conare para a entrevista do processo de concessão de refúgio. Brasil e Bolívia acabaram de passar por eleições presidenciais.

* Alcido Fick, pai do jovem Arlan, sequestrado pelo grupo terrorista EPP, recorreu à embaixada brasileira em Assunção para pedir gestões junto ao país vizinho. Recentemente, o EPP divulgou vídeo para provar que Arlan está vivo. O Itamaraty segue em silêncio.

* O governo resolveu abrir o cofre para executar grande parte do orçamento represado no período eleitoral. Em uma só canetada, a presidenta Dilma liberou, na quarta-feira 29, R$ 7,6 bilhões para os ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.

* Embora uma lei proíba a introdução de temas alheios ao conteúdo das medidas provisórias, na semana passada o Congresso aprovou a MP 651, sobre questões fiscais, com um artigo que estende o prazo do fim dos lixões. Uma coisa nada tem a ver com a outra.

Retrato falado

CONF-03-IE-2345.jpg

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ficou indignado com a rejeição do pedido de extradição de Henrique Pizzolato. A Justiça italiana alegou que o condenado no processo do mensalão não poderia ser devolvido ao Brasil, pois o país não tem instalações penitenciárias adequadas. Para resolver o problema, Janot sugeriu que o governo federal usasse nas cadeias a mesma metodologia de construções pré-moldadas do Minha Casa Minha Vida.

Tiririca contra o PR

CONF-04-IE-2345.jpg

O deputado Tiririca (PR-SP) pretende atuar na linha da moralização do Congresso. Ele encaminhou à Mesa Diretora um projeto que acrescenta à Lei da Ficha Limpa a proibição de substituir políticos condenados por seus parentes. A cúpula do PR não gostou, pois o partido usou esse artifício nas eleições. O ex-governador do DF José Roberto Arruda foi barrado pela lei e indicou sua mulher, Flávia Arruda.

Fora do tom

Derrotado por José Ivo Sartori (PMDB) na tentativa de se reeleger, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, fez um discurso elegante ao admitir a vitória do adversário. Para surpresa geral, elogiou a cobertura da campanha feita pela imprensa. A crítica à mídia é um mantra do PT.

FOTOS: YASUYOSHI CHIBA/AFP PHOTO; ALAN MARQUES/FOLHAPRESS