A novela da briga entre o governador Anthony Garotinho e o líder do PDT e ex-governador Leonel Brizola, candidato a prefeito do Rio de Janeiro, parece estar chegando ao fim. E, seguindo o roteiro, nada aponta para um final feliz. Em um lance ousado para se livrar do ex-afilhado na disputa pelo controle do partido, Brizola levou a executiva estadual a divulgar uma nota, na terça-feira 29, anunciando a ruptura política com o governador. O processo formal de expulsão, aberto pela direção do PDT a pedido da deputada estadual brizolista Cidinha Campos, foi suspenso por uma liminar obtida por Garotinho na 32ª Vara Cível do Rio. Ele não aceita ser expulso sem direito de defesa e contesta a competência da direção regional para a ação.

No anúncio de rompimento, que dividiu o partido e constrangeu os brizolistas que permanecem no primeiro escalão do Palácio Guanabara, a executiva controlada pelo ex-governador acusa Garotinho de ter se excluído do PDT ao praticar “flagrante infidelidade”. Segundo a nota, Garotinho está agindo para favorecer a reeleição do prefeito Luiz Paulo Conde (PFL), favorito nas pesquisas e “o mais forte e favorecido candidato da direita, do PFL, de ACM e do presidente FHC”. Para apoiar Brizola, Garotinho exige que o ex-governador peça desculpas públicas pelas ofensas a ele dirigidas. A desconfiança de Brizola de que Garotinho vem “costeando o alambrado”, como gosta de dizer, não é de hoje. Antes de acusar o governador de apoiar Conde por debaixo do pano, detectara o golpe do Palácio Guanabara em outro pedetista aliado. Depois de ocupar a secretaria de Justiça, Sérgio Zveiter lançou-se candidato pelo PMDB em oposição ao prefeito pedetista Jorge Roberto Silveira. Zveiter tem apoio de secretários de Garotinho e, discretamente, do governador. O estopim de mais este capítulo da novela foi a decisão de Conde de usar na tevê imagens em que aparece ao lado de Garotinho. Zveiter já anunciou que fará o mesmo.