André Dusek
Adriane troca o passe pelo cartão que libera a catraca

Mais comodidade, segurança e recursos para os clientes. Esses são os principais argumentos das empresas em prol dos smart cards, os cartões inteligentes. Dotados de pequenos chips, esses minúsculos computadores de bolso finalmente parecem estar chegando para valer no País. Deixam de ser privilégio das cidades onde as empresas testaram a iniciativa, como Campinas e Itu, no interior de São Paulo, para cair no bolso e no gosto dos brasileiros, que começarão a usá-los para andar de ônibus, pagar contas e refeições, liberar pedágios e até mesmo armazenar dinheiro. “A tecnologia era viável sob o aspecto técnico, agora é interessante economicamente”, diz Paulo Catalan, diretor da att Informática, especializada em automação.

Amparados por um eficiente sistema de segurança de dados, os cartões inteligentes guardam até 100 vezes mais informações que os similares com tarja magnética. Identidade, histórico médico, movimentação bancária e até dinheiro virtual cabem nos 32 mil bytes de memória. A estudante de administração Adriane de Oliveira, 19 anos, descobriu as vantagens do pequeno cartão quando substituiu de vez os 80 passes de papel que comprava todo mês para circular de ônibus por Goiânia, cidade onde vive. “Agora não perco mais os passes”, comemora Adriane. Desde o ano passado, 220 mil estudantes e aposentados da cidade adotaram o cartão inteligente para pagar a passagem de ônibus. Até o fim do ano, a tecnologia deve estar disponível aos 800 mil passageiros de Goiânia. Em São Paulo, a SPTrans, que gerencia uma frota de 11 mil ônibus na capital, promete adotar o chip em 2002.

“Em dois anos, o papel vai ser história”, prevê Cláudio Szajman, presidente do Grupo VR, que movimenta todo ano R$ 2,3 bilhões em vales para pagamento de refeições, combustível e transporte. Nos próximos dois meses, o grupo começa a trocar, também em Goiânia, os vales-refeição de papel por cartões inteligentes. No começo de 2001, será a vez de São Paulo. Em dois anos, todos os dois milhões de clientes no País terão acesso à novidade.

O usuário de cartões de crédito e de débito também passará a andar com um chip na carteira. Em vez de entregar o cartão com tarja magnética ao garçom do restaurante e assinar o comprovante do débito, o cliente passará o cartão num aparelho para leitura dos dados arquivados no chip, digitará a senha e pronto. “O risco de fraude é bem menor”, diz Guto de Almeida, diretor de tecnologias emergentes da Mastercard, que administra 11 milhões de cartões no Brasil. A empresa anunciou para o próximo dia 15 o início da adoção dos cartões eletrônicos nas cidades de Vinhedo, Valinhos, Campinas, Jundiaí e a capital paulista, além do Rio e de Brasília. O chip também guardará dinheiro virtual – o usuário baixará da internet o valor que deseja usando terminais especiais que debitam o valor da conta corrente, e depois pagará suas contas passando o cartão em máquinas leitoras dos cartões com chip.