O crime organizado está cada vez mais alinhado com a evolução tecnológica. Agora, as quadrilhas estão usando um dispositivo superpoderoso – do tamanho de um telefone celular – que, instalado em caixas eletrônicos, copia e armazena dados de até 200 cartões magnéticos diferentes. Na quinta-feira 5, uma câmera filmou três pessoas abrindo o caixa eletrônico do aeroporto internacional de Fortaleza. Um dos assaltantes fugiu e os outros dois foram presos em flagrante. Sérgio Ricardo Araújo Melo, conhecido como Capu, e Emanuel Sidney, o Patarrão, vão responder por tentativa de estelionato e furto qualificado.

Segundo o delegado Francisco de Assis Cavalcanti, da Delegacia de Furtos e Roubos de Fortaleza, o esquema é profissional. Os chips carregados são enviados para São Paulo, onde é feita a clonagem dos cartões. Depois, as cópias voltam para o Ceará, para saques e compras em nome do verdadeiro correntista em várias cidades. “Já sabemos que esse chip foi instalado nos caixas do maior hospital de emergência de Fortaleza e em uma clínica particular”, conta Cavalcanti. Com Capu e Patarrão, a polícia apreendeu, além dos dispositivos, um cartão magnético em nome da “Pousada Hotel”. O dono do estabelecimento, Márcio Clayton Alves de Faria, foi preso por clonagem, há mais de um mês, em Crateús.

O próximo passo das investigações é enviar os chips para serem analisados do Instituto de Criminalística de Brasília. Clonagem de cartões não é exatamente uma novidade. O que assusta as autoridades é a capacidade de armazenamento da nova engenhoca, superior à de todas as outras já encontradas. Francisco de Assis Cavalcanti garante que, segundo os núcleos de segurança dos bancos, se trata de tecnologia de última geração.

A polícia trabalhou em parceria com algumas instituições, como o Banco do Brasil, o mais lesado. “A agência de Crateús já teve um prejuízo de mais de R$ 1 milhão com essas clonagens”, disse o delegado. A assessoria de imprensa do Banco do Brasil conta que a época mais crítica das ações por clonagem ocorreu em janeiro de 2000. “Nessa apreensão em Fortaleza apareceu esse aparelho que lê a tarja magnética de qualquer cartão”, disse o assessor de imprensa do Banco do Brasil, Luiz Câmara. Os criminosos estão um passo à frente da segurança bancária e, por enquanto, os bancos e a polícia estão perdendo a guerra para os assaltos tecnológicos.  

Colaborou José Leomar