Tempos atrás, quando o País vivia o processo de impeachment de Fernando Collor, um motorista de táxi foi flagrado no Rio de Janeiro ao cobrar dez vezes mais para levar um passageiro do aeroporto Santos Dumont ao hotel Glória, com a artimanha de esquecer de acionar o taxímetro. Desculpou-se, dizendo que no Brasil todo mundo rouba. Por que não ele? O tema da capa de ISTOÉ desta semana tende a provocar no leitor a mesma perplexidade e indignação experimentadas pelo passageiro daquele táxi. A reportagem, publicada na página 26, mostra por que o simples ato de parar num posto para colocar gasolina pode trazer boas dores de cabeça. E, mais que isso, oferece um retrato da crescente falta de ética.

Uma outra imagem do Brasil é apresentada na página 46. Lá se conta a história de Pedro Martinelli, um dos maiores fotógrafos brasileiros. Ele está lançando um livro sobre uma Amazônia muito pouco conhecida. Em suas páginas não há nem araras coloridas nem índios vermelhos de urucum. O foco das Leicas de Martinelli fixou-se no homem local, o caboclo, e mostra, entre outras histórias fascinantes, por que o famoso perfume Chanel Nº 5 não existiria não fosse este personagem. Martinelli, que já fotografou desde guerras até nus para a Playboy, optou por direcionar suas lentes para o Brasil. “Chique e glamouroso é o Brasil. Não aguento mais falar de Nova York”, diz o fotógrafo, na contracorrente.

A cidade de Nova York também está nesta edição. A reportagem do correspondente de ISTOÉ, Osmar Freitas Jr., mostra a falência da política de tolerância zero. Lá também está o relato de Darlene Menconi, subeditora de Ciência e Tecnologia, enviada pela revista para entrevistar o presidente da Starmedia, Fernando Espuelas, que foi atingida pela violência policial nova-iorquina. Entre a pirataria brasileira e a selvageria americana, coube a Martinelli garimpar caminhos entre a luz e a sombra.


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