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Um espaço vazio, um artista sem visibilidade e um público carente de opções de lazer. A situação comum em muitas cidades brasileiras começou a mudar desde que a Conexão Cultural, uma empresa de três amigas de São Paulo, entrou em cena. A ideia de levar arte para áreas coletivas surgiu depois que a administradora Paola Santiago, 31 anos, passou quatro anos entre Paris e Barcelona. “Na Europa, os parques estão sempre lotados, as pessoas fazem piqueniques, vão a shows, palestras, exposições”, diz. “Quando voltei ao Brasil, senti falta disso. Os cidadãos se apropriam muito pouco do espaço público.” Para quebrar o eixo bar-restaurante-shopping, Paola, Manuela Colombo e Raíssa Couto construíram uma rede de artistas independentes (músicos, pintores, atores, cineastas), convidaram chefs de cozinha (para promover festivais gastronômicos), criaram temas de eventos e levaram tudo isso a espaços praticamente vazios, atraindo pessoas distintas para o mesmo lugar. O público adorou.

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ARTE EM REDE
Paola Santiago une artistas e leva o público a espaços antes vazios

No primeiro ano de atividades, em 2012, a Conexão Cultural realizou dois eventos no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.
O público do local triplicou naqueles dias. Em 2013, o número de eventos subiu para seis – um deles levou grafiteiros pela primeira vez a expor num museu com guarda-chuvas estilizados. Em 2014, já foram 12, todos gratuitos. “Muitos artistas precisam ser valorizados lá fora para serem reconhecidos aqui. Quero mudar isso”, diz Paola. As exposições organizadas por sua equipe são sustentáveis (reutilizam e reciclam todos os resíduos) e funcionam de forma colaborativa. Enquanto os visitantes são incentivados a publicar fotos no Instagram com hashtags temáticas, um grupo faz a curadoria das imagens e elas recebem destaque nos eventos da Conexão Cultural.
O faturamento da empresa vem de patrocínios, leis de incentivo e aprovação em editais.

As parcerias com a iniciativa privada também exercem papel importante para produzir lucro, mas com impacto social. Durante a construção de um condomínio ao lado de uma favela na zona sul da capital paulista, uma incorporadora convidou a empresa a fazer um projeto de revitalização do entorno.

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A equipe da Conexão Cultural entrevistou os moradores, pesquisou suas necessidades e descobriu uma deficiência na coleta de lixo na região. Uma articulação com a prefeitura levou mais contêineres para o local e uma oficina ensinou os moradores a decorá-los ao seu estilo. “No início, a recepção não foi de todo positiva, porque sempre que alguém bate na porta deles é para tentar tirá-los dali”, afirma a fundadora da companhia. Conquistada a confiança da comunidade, as casas mais próximas ao empreendimento foram rebocadas, pintadas, ganharam calçada nova e uma arte com azulejos. Até os mais resistentes mudaram de ideia.