As inscrições para a 2ª edição do prêmio já estão abertas. Saiba como participar: https://www.empresasmaisconscientes.com.br/

Piloto de ralis nas horas vagas, Bernardo Bonjean trabalhou 15 anos no mercado financeiro e estudou em Harvard antes de se arriscar em seu primeiro empreendimento. “Sentia uma inquietação, porque não tinha feito nada que desse muito orgulho para a minha família”, afirma. “O mercado financeiro cria muito valor para o acionista, mas pouco valor para a sociedade. Vi que dava para fazer os dois.” Foi com esse propósito que Bonjean descobriu um território com 12 milhões de consumidores potenciais – se formasse um Estado, esse universo seria o quinto maior do País –, inexplorado e pleno de possibilidades: as favelas. De dentro de uma casa de vila num bairro nobre de São Paulo, o empresário coordena um grupo de 20 pessoas que trabalha com a missão de humanizar os serviços financeiros nas comunidades pobres. “Queremos dar à empregada a mesma experiência que a patroa dela tem no Personnalité”, diz.

abre.jpg
MORRO ACIMA
Bernardo Bonjean, da Avante, passou por Harvard antes
de perceber que as favelas são a bola da vez

Na prática, a Avante é uma intermediária entre o banco e o cliente, oferecendo produtos customizados a partir de uma avaliação imparcial – isso porque a empresa fica com uma comissão em torno de 6% do valor do crédito, independentemente de qual instituição preste o serviço. Assim, basta o consumidor preencher um perfil detalhado para que um algoritmo detecte qual o melhor produto, de qual banco, para suas necessidades. A maior aposta é em cartões pré-pagos. “Num banco, a meta do gerente fala mais alto que o objetivo do consumidor”, diz o presidente da Avante. “Eu coloco o interesse do cliente no meu foco.” Com essa filosofia, em dois anos a empresa já levantou R$ 50 milhões em volume de negócios e planeja obter R$ 1 bilhão até 2018.

O otimismo se baseia no potencial evidente em números do Data Favela. Segundo o levantamento, existem apenas dez agências bancárias em comunidades espalhadas pelo País inteiro. Além disso, enquanto 70% da população brasileira é bancarizada, nas favelas o índice é de 53%. A maioria dos moradores precisa sair de lá para pagar suas contas.

IEpag18a32_ganhadores-15.jpg

A porta de entrada nesse universo é a parceria firmada com a Favela Holding, conjunto de empresas coordenado por Celso Athayde, autor do livro “Um País Chamado Favela”, que tem a intenção de fazer do morador um agente econômico, não só consumidor. Seguindo essa lógica, a Avante investiu R$ 150 mil, com previsão de retorno de até 30 meses, para abrir em Paraisópolis sua primeira loja. O espaço na maior favela de São Paulo, a ser inaugurado em novembro, terá seis funcionários, todos da comunidade. Equipados com tablets, os vendedores serão o lado físico de um modelo de negócios híbrido. Todo o processo de abertura de conta, cálculo do valor do crédito e decisão pelo produto pode ser feito pela internet, mas a empresa reconhece que a propaganda boca a boca é o que há de melhor para quem quer prosperar nas favelas.