As inscrições para a 2ª edição do prêmio já estão abertas. Saiba como participar: https://www.empresasmaisconscientes.com.br/

Do hábito rotineiro de acender um incenso na mesa de trabalho nasceu a indústria de cosméticos e aromatizantes Feitiços Aromáticos. A ex-secretária executiva e hoje empreendedora Raquel Cruz decidiu se aventurar por um caminho que até então nenhum membro da família traçara. Insatisfeita com a rotina do banco onde dava expediente e cansada de gastar cerca de três horas por dia com o deslocamento de casa para o trabalho, Raquel resolveu investir em um negócio próprio. A decisão veio em 2001, quando o marido e atual sócio, Robério Viana da Silva, perdeu o emprego. Mais de uma década depois, a Feitiços se tornou uma empresa sólida, referência no mercado de aromatizantes, tendo crescido ancorada em um modelo de negócios inovador. Todos os seus funcionários são da zona leste de São Paulo – região mais pobre da capital paulista – e 80% deles encontraram na companhia o primeiro emprego. Ao crescer, a empresa não produz resultados positivos apenas para si própria, mas também para um bairro com histórico de carências.

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OUSADIA
A ex-secretária Raquel Cruz montou uma indústria química
em Itaquera (SP) e hoje ajuda a reverter o desemprego na região

A sede da Feitiços fica em Itaquera, região esquecida da cidade que só recentemente ganhou algum destaque por abrigar o estádio que recebeu jogos da Copa do Mundo de futebol. “Sofri muito preconceito por morar na periferia e trabalhar nos grandes centros comerciais da cidade”, diz Raquel. “Quando abri a minha empresa, decidi privilegiar quem morava perto e dar oportunidades para jovens que nunca tiveram outros empregos.” Segundo a empresária, ao trabalhar perto de casa o funcionário se torna mais produtivo e encontra tempo para atividades extra-profissionais, essenciais para o desenvolvimento pessoal.

Contratado em 2007, Adilton Onório dos Santos, 24 anos, leva cerca de 20 minutos para se deslocar da residência até o endereço da Feitiços Aromáticos. “Por trabalhar perto de casa, posso fazer cursos e frequentar a faculdade.” Não é difícil calcular o impacto que a economia de tempo gera na vida dele e de outros funcionários. Desde que ingressou na companhia, Adilton passou por diversos departamentos e hoje atua na área de compras e controle de produção. “Quando entrei tinha apenas o estudo básico e hoje novos caminhos se abriram”, afirma. Para Alessandra Rocha, 32 anos, que cuida das finanças da Feitiços, morar perto da empresa permitiu que adotasse um meio de transporte alternativo. Há dois anos, ela começou a ir de bicicleta para o trabalho. Ao abdicar do ônibus lotado, ganhou qualidade de vida. “Chegava cansada do trabalho depois de pegar condução, mas agora me exercito e tenho mais disposição.”

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COMODIDADE
A colaboradora Alessandra Rocha trocou o ônibus pela
bicicleta e hoje leva 15 minutos para chegar ao trabalho

Além de contribuir para a redução do índice de desemprego na região, a Feitiços colocou em prática outras ações que a levaram a conquistar o prêmio maior entre as pequenas empresas. Suas três linhas de produtos – esotéricos, sensuais e naturais – são criadas a partir de cosméticos menos nocivos ao corpo e ao meio ambiente. Segundo a sócia Raquel Cruz, a matéria-prima utilizada é livre de parabeno, composto químico cancerígeno.

A empresa optou também por usar corantes alimentícios, pouco agressivos à pele. “Se podemos fazer escolhas melhores, por que não fazê-las?”, pergunta Raquel. Tais atributos têm ajudado a Feitiços a avançar no mercado internacional. Recentemente, com o lançamento da linha “Brasil Aromáticos”, passou a exportar para o Chile e a Colômbia. “Desde o início adotamos práticas em que acreditávamos”, diz a empresária. “É uma forma de pensar que todo mundo, apesar de pequeno, pode pensar grande.”

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Quando decidiu ser uma empreendedora, Raquel achou que o caminho era abrir uma loja de artigos esotéricos. Ao amadurecer a ideia, percebeu que poderia ir além disso. “Na verdade, o que eu queria era criar uma indústria química de produtos místicos e aromatizantes”, diz. Não seria uma tarefa simples. Empreender no setor industrial requer investimentos significativos, laboratórios especializados e uma série de licenças ambientais. Ela daria um jeito nisso tudo, mas ainda seria preciso encontrar um químico para se responsabilizar pelos rótulos dos produtos. Formada em letras, Raquel não tinha qualquer afinidade com a ciência que estuda a composição dos materiais, mas isso não representou impedimento. Mergulhou em um curso técnico de química e virou especialista. “Assim posso assinar minhas próprias criações”, afirma. Raquel pensou grande e, dentro de suas possibilidades, se tornou uma gigante.

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