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Com piscina olímpica, quadra poliesportiva, academia e terraço gourmet, os condomínios Terra Mundi, de Goiânia, diferenciam-se do padrão habitacional oferecido para a classe C no País. Mas esses não são seus únicos atributos. O conceito da sustentabilidade, ainda pouco usual em empreendimentos populares, abrange todo o projeto. Um exemplo: ao investir em iluminação natural e aquecimento solar para os chuveiros, o projeto da NewInc permite aos moradores uma conta de luz até 33% mais barata.“Para mim, pensar num produto imobiliário é imaginar um imóvel que dê lucro para os investidores, o meio ambiente e as pessoas”, afirma o engenheiro Cláudio de Carvalho, presidente da NewInc, campeã geral entre as médias empresas. “Isso não é filosófico, etéreo, são questões objetivamente mensuráveis.”

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O foco na sustentabilidade surgiu há três anos, quando a NewInc, então CRV Carvalho, perdeu o contrato com outra empresa do setor e se viu obrigada a demitir boa parte dos funcionários. Na ocasião, o conceito sustentável foi pensado como uma alternativa de negócio para uma empresa que queria deixar de ser apenas construtora para se tornar uma incorporadora responsável pelos seus próprios projetos. Um grupo multidisciplinar com 20 pessoas de áreas que, na teoria, nada têm a ver com o mercado imobiliário, como antropologia, psicologia, pedagogia e biologia, se reuniu por um ano e meio até chegar no Terra Mundi. “Foi o momento de apostar numa ideia inovadora”, diz Camila Salvador, coordenadora de sustentabilidade da NewInc. “Chegamos à conclusão de que não só o produto deveria ser sustentável, mas todo o processo.”

Desde a escolha da área até a posição de torres para favorecer a iluminação e a redução do calor, nada é por acaso no empreendimento. Para começar, no canteiro de obras não há caçambas. A maior parte do entulho é reciclada e se transforma em blocos de concreto e bloquetes para piso.

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Ao atingir R$ 25 mil de economia de energia, água e resíduos, a empresa coloca mais R$ 25 mil para a construção da casa de algum funcionário. Em dois anos e meio, foram doadas nove casas no valor de R$ 50 mil cada uma. “Esse não é um projeto assistencial, ele tem caráter pedagógico”, diz Carvalho. “Quero que os funcionários entendam o meio ambiente de uma maneira diferente e que a economia que eles produzem direta ou indiretamente não venha para o meu bolso.”

Em cada obra, a incorporadora constrói duas salas de estudo. Uma funciona como uma lan house, com computadores e aulas de informática gratuitas para os funcionários, suas famílias e os moradores do entorno. Na outra sala, são ministrados cinco cursos profissionalizantes. Um servente que é contratado no início da obra pode sair de lá com outra profissão, como instalador elétrico, assentador cerâmico e pintor, atividades que oferecem melhor remuneração. “Eu poderia simplesmente subir o salário de um servente sem nenhuma qualificação, mas isso quebraria um pilar da sustentabilidade, porque teria que aumentar o preço do produto final”, afirma Carvalho. Os apartamentos são acessíveis. Um de dois quartos com 62 metros quadrados custa a partir de R$ 160 mil. “Investindo na educação, crio uma maneira sustentável de produzir transformação social.” Em 14 anos, o empresário contabiliza oito histórias de ex-serventes que concluíram supletivos e faculdade, e hoje são engenheiros.

A NewInc, uma empresa que fatura R$ 41 milhões por empreendimento lançado, é pioneira na construção de imóveis residenciais verdes, mas no setor a preocupação com a sustentabilidade tem crescido a cada ano, como mostra o aumento pelas buscas da certificação Leed, concedida pela Green Building Council (GBC), organização não governamental com foco na indústria da construção sustentável. Segundo Felipe Faria, diretor do GBC Brasil, o País é o terceiro entre mais de 150 nações com o maior número de projetos registrados à procura do selo verde. Desde 2007, 185 edificações brasileiras foram certificadas – 62 delas só em 2014. “Para os prédios comerciais de alto padrão, isso já virou regra”, diz Faria. Na NewInc, um projeto passa a ser economicamente viável a partir de 300 unidades. Mas a questão financeira não é a única que importa para a empresa. “Nessa nova forma de pensar o mundo, não dá mais para pensar só em dinheiro”, diz Carvalho.

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