As inscrições para a 2ª edição do prêmio já estão abertas. Saiba como participar: https://www.empresasmaisconscientes.com.br/

Bastam alguns minutos de conversa com o argentino Fernando Fernandez, presidente da Unilever no Brasil, para perceber como uma das maiores empresas do mundo está empenhada em resolver um dilema aparentemente insolúvel: crescer e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental gerado por esse desenvolvimento. “Se as companhias não repensarem seus processos, no futuro vamos precisar de três planetas para atender ao crescente nível de consumo”, diz Fernandez. Não é mero discurso. O executivo se anima, gesticula, acelera as palavras e, enfim, apresenta uma montanha de dados. “Em 2013, reduzimos em 6% o nosso consumo de água”, diz, “em 12,5% a emissão de gases do efeito estufa”, continua, “zeramos o envio de resíduos para aterros sanitários.” O argentino não para. Instigado pela conversa, fala dos programas sociais da empresa, da diminuição de sódio e açúcar nos alimentos da Unilever, dos fornecedores certificados, da transparência dos processos, das oportunidades oferecidas aos profissionais da casa (e lembra que ele próprio é um exemplo disso). Todas essas questões transcendem o que, nos últimos anos, convencionou-se chamar de “sustentáveis”.

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No fundo, o que a Unilever ambiciona não é ser apenas uma das melhores empresas do mundo, mas uma das melhores para o mundo.
As ações em prol desse objetivo e seus efeitos notáveis fizeram da Unilever a campeã geral da primeira edição do prêmio “As Empresas Mais Conscientes do Brasil”, promovido pela ISTOÉ. Poucas companhias encarnam o espírito do novo capitalismo quanto a anglo-holandesa. São ainda mais raras as que, sintonizadas com os novos tempos, deixam velhos conceitos de lado e buscam uma motivação que não seja apenas a geração de lucro.

A Unilever começou a mudar seu destino em 2010, quando Paul Polman, o presidente global da companhia, lançou uma ideia: dobrar de tamanho até 2020. Até aí, nenhuma novidade. Todas as grandes empresas estabelecem metas financeiras para balizar seus projetos. O segundo ponto da proposta é que continha o verdadeiro desafio: duplicar os negócios da corporação e, também, contribuir para a saúde e o bem-estar de um bilhão de consumidores, reduzir os danos causados ao meio ambiente pela ação direta de suas fábricas e melhorar as condições de vida e trabalho das pessoas envolvidas em toda a cadeia produtiva da Unilever.

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Dito assim, não parece ser uma tarefa tão penosa. Mas é fácil perceber o tamanho da encrenca.
Se a empresa sonha em crescer em velocidade máxima, é preciso matéria-prima adicional para produzir mais xampu, mais sabão em pó, mais sorvete – e, claro, dispor de incontáveis embalagens, inimigas tradicionais do meio ambiente, para empacotar tudo isso. Fábricas que aumentam sua produção consomem necessariamente mais água e energia e emitem quantidades colossais de gás carbônico, o grande vilão do aquecimento global. No caso da Unilever, como se deu a mágica de crescer tanto (no Brasil, em pelo menos dois dígitos nos últimos três anos) e diminuir os danos causados à natureza?

O milagre começou pelo princípio: incutir na cabeça de todos os 173 mil funcionários da empresa no mundo (no Brasil são 13 mil) que a única saída para um futuro decente é respeitar o planeta onde estamos e as pessoas que vivem nele. “Pergunte a qualquer funcionário e ele saberá que o plano de sustentabilidade da Unilever é o coração de nosso modelo de negócio”, diz o presidente Fernandez.

A conscientização foi apenas um pequeno passo. A ela somaram-se projetos institucionais complexos e pequenas ações que nasceram a partir de ideias simples. O trabalho mais consistente, chamado de “Aterro Zero”, alcançou seus objetivos antes do prazo. Em 2013, as nove fábricas da Unilever no Brasil zeraram o envio de resíduos para aterros sanitários. Significa que, por mais que as unidades tenham acelerado seu processo produtivo, nada foi despejado nos aterros. Isso só foi possível graças a uma série de iniciativas aplicadas em conjunto. “Recusamos matérias-primas que não são recicláveis”, diz Etiene Nunes Martins, gerente de segurança e meio ambiente da fábrica da Unilever em Vinhedo, no interior de São Paulo. Todos os resíduos de plástico, metal e papel são enviados para parceiros de reciclagem e os restos de materiais orgânicos, para indústrias de fertilização. Até as sobras químicas têm destino certo, para empresas que as utilizam na produção de cimento. Feito isso, nenhum resquício industrial é desprezado. Detalhe interessante: a Unilever monitora os parceiros para checar se os resíduos estão sendo processados corretamente. “Nossa intenção é promover mudanças em todas as esferas da sociedade”, afirma Vera Bakker, diretora da fábrica de Vinhedo.

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TRANSFORMAÇÃO
Vera Bakker, diretora da fábrica de Vinhedo:
"Nossa intenção é promover mudanças em toda a sociedade"

Na pontuação analisada para a definição do prêmio “As Empresas Mais Conscientes do Brasil”, a Unilever destacou-se na categoria “Modelo de Negócios de Impacto”. Nesse quesito, contam as iniciativas do ano de 2013 que geraram efeitos positivos em diferentes setores. Na área de alimentos, a Unilever, que produz de maionese a ketchup, reduziu o uso de ingredientes como sódio, açúcar, gordura saturada e gordura trans, comprovadamente nocivos à saúde. “A melhoria nutricional beneficia milhões de consumidores”, diz o presidente Fernandez. “Para nós, a questão não é apenas vender mais produtos, mas colocar na casa das pessoas aqueles que fazem bem para elas.” No campo social, a empresa desembolsou, no ano passado, R$ 22,7 milhões que favoreceram 2,3 milhões de brasileiros. Um dos projetos, o “Vim para a Unicef”, pretende melhorar o saneamento e ampliar o acesso à água tratada para mais de 450 mil crianças e jovens do semiárido brasileiro.

A leitura do relatório de sustentabilidade traz algumas surpresas e comprova que a Unilever é mesmo uma empresa diferente. Quantas delas seriam suficientemente transparentes para assumir que um funcionário foi demitido por corrupção? A Unilever não só reconhece que isso aconteceu em 2013 como esmiúça seu plano anticorrupção, que consiste em treinamentos aos funcionários e parceiros para que não cometam deslizes nos milhares de negócios fechados a cada ano pela companhia. A transparência máxima e o zelo para com os diversos agentes da sociedade são alguns dos fatores que levam à baixa rotatividade na empresa. “Mais de 90% de nossos talentos foram formados aqui”, afirma Fernandez. Ele é exemplo disso. Começou a trabalhar com 21 anos na Unilever da Argentina e jamais saiu da casa. Pouco mais de duas décadas depois, assumiu o cargo máximo no Brasil. “Antes da Unilever, eu não tinha visto computador, entrado em avião ou em hotel”, conta o presidente.“Para um cara que não tinha nada, mas tinha enorme gana de crescer, a empresa era o lugar certo para estar.” A Unilever mudou a história de Fernandez. Agora, está transformando também a vida de milhões de pessoas.

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