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O governo da presidenta Dilma Rousseff tem adiado a divulgação de dados negativos que poderiam prejudicar a campanha pela reeleição da candidata do PT, informou nesta quinta-feira (23) o jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com a publicação, informações atualizadas sobre o desempenho dos alunos brasileiros em português e matemática, além de dados sobre a arrecadação de tributos, serão anunciados somente após o fim da campanha.

Ainda segundo a Folha de S.Paulo, números sobre desmatamento e um novo estudo sobre o contingente de pobres e miseráveis no Brasil também foram "segurados" pelo governo federal. O jornal afirma que avaliações independentes ou mesmo informações oficiais já publicadas indicariam piora nessas áreas.

Ós órgãos responsáveis pela divulgação dos dados alegam "questões técnicas, administrativas ou legais" para justificar o atraso.

No caso da aducação, os resultados de um exame nacional, aplicado a cada dois anos a mais de 7 milhões de anos, tradicionalmente seriam mostrados até agosto, o que não ocorreu. Em setembro, o Ministério da Educação divulgou apenas o indicador que toma como base a prova de 2013 e a taxa de aprovação de alunos (Ideb), mas sem mostrar o resultado em cada disciplina.

A arrecadação de tributos, normalmente divulgada até o dia 25 de cada mês, também será atrasada para não influenciar na eleição, segundo a Folha.

Em relação ao desmatamento, cujos dados são tradicionalmente divulgados mês a mês, haverá ainda mais atraso. Os indicadores referentes a agosto e setembro serão publicados apenas em novembro. Segundo a ONG Imazon, ouvida pela Folha, o índice teria subido 191% na comparação bimestral entre 2013 e 2014.

Em resposta, o Ministério da Educação afirmou que trabalha para tornar os dados dos exames mais completos, e que por isso a divulgação ainda não ocorreu. O Inep, responsável pelas provas, negou que o atraso tenha cunho eleitoral.

A Receita Federal justificou o adiamento em virtude de uma "reunião de planejamento dos secretários".

Sobre os números de desmatamento, o governo federal alegou que divulgará dados atualizados com base em imagens de satélite, "quatro vezes mais precisas".

O Ipea, por sua vez, informou que a lei eleitoral impede a publicação de estudos como o de análise da miséria próximo à data da votação.